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Economia

IPCA-15 bem-comportado fortalece projeções de fim do ciclo de alta na Selic

- 27/05/2025 3 Visualizações 3 Pessoas viram 0 Comentários
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O IPCA-15 de maio (+0,36%) abaixo da mediana das projeções, com surpresas positivas em alimentos in natura e em alguns preços de serviços fortalece a teses de que o Comitê de Política Monetária (Copom) terá em sua reunião de junho argumentos para interromper o ciclo de alta da Selic iniciado em setembro do ano passado. Mesmo economistas que recomendam uma dose extra de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros já cogitam essa possibilidade.

Na opinião de Leonardo Costa, economista do ASA, o balanço qualitativo do IPCA-15 de maio pode ser considerado o melhor do ano, com desaceleração tanto do núcleo de serviços como o de bens.

No entanto, ele destaca que, a despeito da surpresa com a desaceleração, o patamar dos núcleos segue elevado. “A média móvel de 3 meses desacelerou para 7,4%, ou seja, ainda incompatível com o intervalo do regime de metas (teto de 4,5%, meta de 3,0%)”, comentou..

Para Costa, em termos de política monetária, a desaceleração do IPCA-15 pode ser interpretada como movimento em direção à meta, além de uma surpresa bem vinda em um período de final de ciclo de aumento de juros. “Seguimos na aposta de que o Banco Central deve manter a Selic em 14,75% em junho”, estimou.

Para Luis Otávio Leal, sócio e economista chefe da G5 Partners, depois de vários resultados que, mesmo quando bons, viam com algum “porém”, o IPCA-15 de maio pode ser considerado um número bom e “ponto”.

“Vale a pena salientar também que depois de 3 meses nos quais a inflação divulgada vinha acima daquela observada no mesmo mês do ano anterior, os 0,36% do IPCA-15 de abril vieram abaixo dos 0,44% de maio de 2024”, comparou.

Pensando na política monetária, Leal afirmou que esse número coloca mais “um prego no caixão” de uma nova alta de juros na reunião de junho (18/06). “Após a divulgação do número a chance de os juros serem mantidos em 14,75% a.a. passou de 70% para 76%, segundo a curva de juros de mercado. Corroborando a nossa expectativa de que a Selic seja mantida neste patamar até, pelo menos, o final de 2025”.

É cedo para pensar em cortes

Já Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, destacou, além da queda da inflação de alimentos, a leitura qualitativa mais benigna, mostrando sinais de desaceleração tanto nas medidas de núcleo como de serviços. “No acumulado de 12 meses, ainda vemos alta na média dos núcleos para 5,1% e serviços subjacentes, para 6,5%, que seguem acima do teto da meta”, alertou.

Rafaela também acredita que a desaceleração na margem deve consolidar a expectativa de fim de ciclo de alta da Selic e manutenção da taxa em 14,75% a partir da próxima reunião, em junho.

Está afirmou, no entanto, que ainda é cedo para falar se em cortes da Selic. “Mas sem novos estímulos fiscais do governo — o que não é óbvio, com tantas medidas sendo anunciadas — e com maior contingenciamento de gastos, o processo de desinflação pode se consolidar e podemos começar a discutir a redução da Selic no final do ano”, disse..

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, por sua vez, comentou que mesmo com a surpresa positiva no mês, o índice acumula uma alta de 5,40% em 12 meses, permanecendo acima do teto da meta de inflação para 2025.

“O cenário segue, de maneira geral, bastante desafiador para a inflação. Os núcleos continuam em trajetória de alta – a inflação de serviços subjacentes, por exemplo, subiu de 6,4% para 6,6% nos 12 meses até maio, um patamar bastante elevado”, citou. 

A projeção do C6 Bank é de que o IPCA feche o ano em 5,5%. “A queda nos preços das commodities no exterior pode aliviar a pressão sobre os alimentos e bens industriais no curto prazo, mas fatores domésticos, como o mercado de trabalho aquecido e a perspectiva de uma depreciação do câmbio, devem continuar pesando sobre a inflação.”

Claudia disse manter, por ora, a visão de que o Copom deve aumentar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 15%, em junho. “Mas o dado de hoje aumenta a chance de os juros ficarem estáveis na próxima reunião. Devido às pressões inflacionárias, projetamos que a Selic permaneça no patamar atual até, pelo menos, o fim de 2025.”

Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, avaliou que, do ponto de vista qualitativo, os dados vieram melhor do que o esperado, e mostraram uma leve melhora na margem. “As variações mensais de bens industriais, serviços, serviços subjacentes, serviços intensivos em mão de obra e a média dos núcleos — itens acompanhados de perto pelo Banco Central — apresentaram desaceleração entre abril e maio”, comentou.

Ele citou ainda que o índice de difusão, que mede o espalhamento da inflação entre os diferentes itens da cesta, também arrefeceu no período. Além disso, houve melhora na média móvel de três meses anualizada e ajustada sazonalmente, que capta melhor a tendência dos preços, indicou recuo em serviços subjacentes, bens industriais e na média dos núcleos.

Do lado negativo, Sung citou a comparação interanual dos serviços subjacentes, serviços intensivos em mão de obra, bens industriais e a média dos núcleos, que ainda mostraram aceleração.

“Apesar desse alívio pontual, as medidas qualitativas da inflação seguem além do desejado. A ata da última reunião do Copom reforçou a preocupação com esse quadro, destacando que ‘a inflação de serviços, que tem maior inércia, segue acima do nível compatível com o cumprimento da meta, em contexto de hiato positivo’.”

Para ele, a recente valorização do câmbio, combinada à queda dos preços internacionais das commodities, deve contribuir para uma redução das pressões inflacionárias no segundo semestre. “Caso os próximos dados mostrem um comportamento mais benigno, especialmente em relação à atividade econômica e ao mercado de trabalho, somados à recente elevação do IOF, é possível que o ciclo de alta de juros tenha chegado ao fim”, estimou.




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