 O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que o país apoiará “totalmente” o exército russo como um “dever fraterno”, durante encontro com Vladimir Putin e Xi Jinping em Pequim, nesta quarta-feira (3). Foi a primeira vez que Kim se reuniu simultaneamente com os presidentes da China e da Rússia, aliados estratégicos do regime. O gesto foi interpretado como uma tentativa de fortalecer o eixo Moscou–Pequim–Pyongyang em meio à crescente tensão com os Estados Unidos e a Otan. O encontro ocorreu durante um desfile militar promovido pela China para celebrar os 80 anos da rendição formal do Japão na Segunda Guerra Mundial. A presença de Kim Ju-ae, filha de Kim Jong-un, ao lado do pai no evento reforçou outra mensagem: a de que o regime já projeta a próxima geração da dinastia norte-coreana. Ju-ae, de apenas 12 anos, acompanhou o pai durante toda a viagem e foi fotografada ao lado de Kim na chegada a Pequim e na recepção por autoridades chinesas. Foi também a primeira vez que ela participou de um encontro internacional com líderes de alto escalão. A mídia estatal norte-coreana descreveu a visita como um “marco histórico” e destacou a presença da “filha mais amada” do líder. Segundo a agência de inteligência sul-coreana, trata-se de um ritual dinástico. Em audiência parlamentar, o órgão reconheceu pela primeira vez que Ju-ae é considerada a sucessora mais provável de Kim Jong-un, num movimento que repete a lógica de transmissão hereditária do poder que marca o regime desde a fundação por Kim Il-sung. Aparições públicas e construção simbólicaDesde o fim de 2022, Ju-ae tem participado de eventos de grande apelo simbólico: desfiles militares, testes de mísseis e visitas a instalações estratégicas. A imprensa oficial da Coreia do Norte se refere a ela como “querida filha” e agora amplia sua projeção com aparições internacionais. Embora o regime mantenha sigilo absoluto sobre os outros filhos de Kim, acredita-se que Ju-ae seja a única entre os três a ocupar posição pública. Ela seria a filha do meio, nascida por volta de 2012. Aliança militar reforçadaAlém do simbolismo familiar, a visita a Pequim teve forte conteúdo geopolítico. Kim Jong-un afirmou que a Coreia do Norte está pronta para “cumprir seu dever” em apoio à Rússia, fortalecendo os laços militares com Moscou em meio à guerra na Ucrânia. Putin, por sua vez, chamou de “especiais” as relações entre os dois países. O jornal estatal norte-coreano Rodong Sinmun destacou em sua edição de quinta-feira (4) as imagens de Kim desfilando ao lado de Putin e Xi, em sinal de prestígio internacional. Também segundo a imprensa estatal, Kim interagiu com diversos chefes de Estado e reforçou o compromisso do país com a “solidariedade entre as nações soberanas”.
|