![]() Nas últimas semanas, o governo Lula voltou a ocupar o centro das atenções com uma série de anúncios e movimentos que reacenderam sua conexão com a base mais fiel do eleitorado e fortaleceram o discurso de enfrentamento ideológico. Para analistas da gestora Kinitro, trata-se de uma estratégia que busca reforçar o discurso nacionalista e reestruturar a polarização entre “nós contra eles”, que tradicionalmente beneficia o PT. A expectativa é que os índices de aprovação do presidente apresentem melhora nas próximas pesquisas, o que pode tornar mais acirrada a disputa presidencial em 2026. O CIO da casa, Carlos Carvalho Júnior, bem como o economista-chefe Sávio Barbosa e o gestor Maurício Ferraz participaram do programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo. Um levantamento, trazido pelos especialistas, mostra que, mesmo com indicadores positivos como crescimento econômico e pleno emprego, Lula mantinha níveis de reprovação próximos aos de Bolsonaro no auge da pandemia. A avaliação negativa persistia mesmo em um ambiente mais benigno, o que acendia alertas sobre desgaste político e perda de apoio em segmentos historicamente ligados ao PT.
Segundo os analistas, uma das maiores preocupações no entorno do presidente era a desidratação de apoio nas faixas D e E, entre os eleitores de 16 a 24 anos e no público evangélico — grupo que hoje concentra até 80% de preferência por candidatos da direita. A dúvida agora é se as últimas movimentações do governo foram suficientes para estancar essa sangria e retomar a conexão com esses grupos, ou se representam apenas um alívio temporário. Modelos próprios da Kinitro, que relacionam aprovação presidencial com variáveis como inflação, dólar e desemprego, indicam uma possível recuperação gradual da imagem de Lula até o fim do mandato. Ainda assim, a disputa presidencial, que caminhava para uma margem confortável para a oposição, volta a ganhar contornos mais apertados. Regiões polarizadasO mapa eleitoral mostra um país dividido. O Nordeste continua como bastião do PT, com Lula mantendo forte influência. Já o Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte têm se mostrado mais hostis ao governo. Para os analistas, a estratégia da oposição parece clara: ceder o Nordeste ao PT e concentrar esforços nas demais regiões, onde o antipetismo é mais forte. Essa dinâmica remonta ao cenário de 2022, quando Lula venceu Bolsonaro com margem apertada, por 51% a 49%. Antes da reviravolta recente, a tendência era de uma derrota semelhante à de Fernando Haddad em 2018 (55% a 45%). A nova movimentação embaralha as previsões e reacende o debate sobre competitividade e legado político. Impacto nos investimentosNo mercado, a mudança no cenário político provocou ajustes rápidos de portfólio. A Kinitro, por exemplo, reduziu exposição à bolsa brasileira, zerou posições compradas e passou a adotar um perfil mais defensivo. O cenário atual exige cautela, e o time da gestora prefere aguardar novos sinais antes de retomar o apetite ao risco local. As NTN-B (títulos indexados à inflação) voltaram ao radar como alternativa atrativa para os próximos anos, especialmente diante da possibilidade de reeleição de Lula. Em paralelo, cresceu o interesse por ativos atrelados à curva de juros dos EUA, enquanto a alocação em renda fixa local foi reduzida. |
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