![]() A trajetória da reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a ganhar fôlego no cenário político. Segundo análise da LCA Consultores divulgada nesta quinta-feira (17), embora ainda seja cedo para dizer que Lula reassumiu a condição de favorito para 2026, “a maré virou a favor dele e do governo”. Segundo a análise da consultoria, a virada é a primeira desde 25 de junho, quando o Congresso derrubou os decretos do governo que aumentavam o IOF e partidos do centrão passaram a ensaiar um movimento de devolução de ministérios. Àquela altura, o governo estava acuado, e a percepção dominante nos meios políticos e econômicos era de que a reeleição de Lula naufragava. De lá para cá, no entanto, uma sequência de fatos alterou o ambiente. A começar pela guinada comunicacional do Palácio do Planalto, que apostou em uma narrativa de enfrentamento — “nós contra eles” —, em referência à ofensiva de Lula contra a os mais ricos, o Congresso e até a política externa dos EUA. A tensão foi catalisada pelo tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros, episódio que reforçou o discurso nacionalista do governo e teve impacto positivo nas pesquisas de opinião. Vitórias do ExecutivoA mudança de cenário ganhou musculatura com decisões judiciais e vitórias legislativas. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, validou o decreto do Executivo que aumentou o IOF, suspendendo apenas a cobrança sobre o risco sacado. No Congresso, o substitutivo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para o projeto de isenção do IR foi aprovado em comissão especial, sem grandes alterações ao texto original. Outro avanço foi a aprovação de uma PEC que exclui o pagamento de precatórios do arcabouço fiscal em 2026. A proposta prevê que esses gastos sejam incorporados gradualmente às regras fiscais a partir de 2027, com 10% ao ano. A PEC ainda precisará ser apreciada novamente pelo Senado. Além disso, para a casa, aumentou a probabilidade de aprovação da MP 1.303, que compensa parte da perda de arrecadação com a redução do IOF por meio da taxação de ativos isentos, como as letras de crédito do agro e imobiliárias (LCAs e LCIs), o que ajuda o governo a recompor receitas e sustentar a meta de resultado primário. Popularidade em recuperaçãoAo lado da rearticulação institucional, os indicadores de opinião pública também mostram reversão da tendência negativa. Pesquisa Quaest divulgada nesta sexta (25) mostra Lula novamente na frente em simulações de segundo turno para 2026: 43% a 37% contra Jair Bolsonaro, 41% a 37% contra Tarcísio de Freitas e 43% a 36% contra Michelle Bolsonaro. O desempenho também se mantém sólido frente a nomes como Ratinho Jr., Ronaldo Caiado, Romeu Zema e Eduardo Bolsonaro, todos com percentuais mais baixos nas simulações. Na avaliação da LCA, a decisão de Lula de confrontar diretamente o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, contribuiu para a recuperação da imagem presidencial. O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros foi usado pelo governo para reforçar a imagem de Lula como defensor da soberania nacional e das cadeias produtivas brasileiras, especialmente em estados exportadores como São Paulo e Paraná. Ainda longe da linha de chegadaApesar da sequência de avanços, a LCA pondera que ainda não é possível cravar o retorno de Lula à posição de favorito absoluto. O cenário permanece volátil, e a relação com o Congresso segue marcada por tensões, como mostrou a aprovação-relâmpago, na quarta (17), de um projeto que retira R$ 30 bilhões do fundo social para pagar dívidas do agronegócio, em retaliação ao veto presidencial ao aumento do número de deputados. Ainda assim, a leitura predominante é que o governo saiu da defensiva e, pela primeira vez em semanas, voltou a pautar o debate. |
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