Em um duro discurso nesta sexta-feira (15) em Porto Alegre (RS), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez fortes críticas ao governo do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), e afirmou que a democracia no Brasil, na América Latina e no mundo está sob risco, em razão do que classificou como “extrema direita raivosa e bruta”. Lula comparou as ações de seu governo às do antecessor e disse que, sob Bolsonaro, os governadores de estado “comeram o pão que o diabo amassou”. “Para não passar recursos, ele [Bolsonaro] arrumava briga”. O presidente disse também que “a política, no mundo inteiro, está tomada pelo ódio”. “A política está tomada por um ódio que certamente a maioria de vocês nunca tinha vivido. Não estávamos acostumados a fazer política assim”. As declarações foram durante cerimônia de anúncio de investimentos do governo federal no Rio Grande do Sul, previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Segundo o Planalto, está previsto para o ano um aporte de R$ 29,5 bilhões em diversas áreas, em parceria com o setor privado, estados e municípios. Até o fim do mandato de Lula, a estimativa é de um investimento total de R$ 75,6 bilhões no estado. Democracia em perigoO presidente afirmou, ainda, que “a democracia está correndo risco” no mundo. “Possivelmente, porque nós mudamos de comportamento. A esquerda e os setores progressistas antes criticavam o sistema. Quando ganham as eleições, passam a fazer parte do sistema. E a direita, que fica fora, vira contra o sistema. Quem é contra o sistema, hoje, quem critica tudo, é o [Javier] Milei na Argentina. É o Bolsonaro, que até hoje não reconhece a derrota dele”, criticou Lula. “A democracia corre risco no mundo pelo fascismo, pelo nazismo, pela extrema direita raivosa e bruta que ofende as pessoas, que não acredita nas pessoas”, prosseguiu o petista. “A gente não tem que brigar apenas com um governador ou com um presidente. A gente tem que brigar contra um pensamento perverso, malvado, que odeia.” Em sua fala, Lula disse que, apesar da necessidade de combater a “extrema direita”, ele tem de se preocupar, prioritariamente, em governar o país. “O mandato tem prazo de validade. Tem hora da entrada e hora da saída. Eu tenho o compromisso de recuperar este país economicamente. De dar civilidade àqueles que não têm civilidade hoje. Recuperar o humanismo entre os seres humanos. E fazer com que as pessoas esquecidas historicamente tenham vez e voz neste país”, concluiu. Investimentos no RSEntre os projetos anunciados para o Rio Grande do Sul, estão a duplicação da BR-116, a construção de uma segunda ponte sobre o Rio Guaíba e a conclusão de barragens em todo o estado, de acordo com informações do Palácio do Planalto. Os investimentos federais também preevem a instalação de 4 mil quilômetros de infovia (conjunto de linhas digitais por onde trafegam os dados das redes eletrônicas) e a conectividade nas 7.249 escolas do ensino básico no estado, além da conclusão de obras inacabadas na capital e no interior. Claque de políticosAlém de Lula, participaram do evento o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). Quando tiveram seus nomes citados, ambos receberam algumas vaias do público presente, formado, majoritariamente, por petistas e aliados. A comitiva de ministros que acompanhou Lula na viagem foi extensa: o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Carlos Fávaro (Agricultura), Jader Filho (Cidades), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário). |
Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *