 O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma mudança no slogan oficial para marcar uma nova fase do terceiro mandato e tentar recuperar a popularidade perdida, segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo. O mote atual, “União e Reconstrução”, será substituído por uma mensagem com viés mais nacionalista e combativo: a ideia é deixar claro que o governo “tem lado” e vai priorizar o enfrentamento a privilégios e às desigualdades sociais. A mudança está sendo conduzida pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Sidônio Palmeira, com o aval direto de Lula. Conforme o Estadão, a nova mensagem deve destacar que “combater privilégios significa abrir espaço para que mais gente prospere”, indo além da lógica “ricos versus pobres”. A comunicação oficial passará a valorizar medidas já adotadas, como crédito para reforma de casas e apoio a microempreendedores, com foco também na classe média. Ministros foram orientados a repetir que o “principal adversário” do País é a desigualdade, destaca a reportagem. De acordo com o jornal, o novo slogan vai misturar conceitos como trabalho, justiça social e defesa do Brasil. Governo Lula, Trump e as tarifasA guinada ganhou força após o anúncio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, de taxar produtos brasileiros em 50%. Como resposta, Lula voltou a usar o boné com a frase “O Brasil é dos brasileiros” — reforçando o tom patriótico. A mudança também reflete uma tentativa de marcar distância do Centrão. Auxiliares de Lula, segundo o Estadão, apontam que a coalizão com partidos que têm interesses divergentes enfraquece a identidade do governo. Hoje, todas as campanhas e iniciativas de ministérios precisam passar pela aprovação da Secom. IOFO Estadão informa ainda que a troca do slogan vinha sendo gestada há meses, mas foi acelerada após a crise envolvendo o decreto que aumentava a alíquota do IOF. A derrubada da medida por partidos aliados no Congresso, a maioria do Centrão, expôs o desgaste da relação de Lula com o Legislativo, especialmente com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O Planalto recorreu ao STF, e uma audiência de conciliação está marcada para o dia 15. Diante desse cenário, o PT lançou nas redes uma campanha com o slogan “BBB: Bilionários, Bancos e Bets”, acusando os mais ricos de não contribuírem com a arrecadação. Segundo o Estadão, monitoramentos internos apontaram que a campanha teve boa repercussão popular. Sidônio, que assumiu a Secom em janeiro com a missão de elevar a popularidade do governo em três meses, ainda não conseguiu atingir esse objetivo. Conforme o Estadão, Lula perdeu apoio no Nordeste e entre os mais pobres. Embora pesquisas indiquem uma leve recuperação, o ritmo é lento. Lula resiste a dar mais entrevistas, mas Sidônio insiste: “Sou uma pessoa determinada”, declarou ao Estadão. “Estou ministro hoje e amanhã posso não estar. Não tenho interesse político”. A comunicação do governo enfrentou 12 crises em seis meses, segundo uma planilha interna da Secom — de boatos sobre taxação do Pix a atritos com o Congresso. Ainda assim, o vice-presidente Geraldo Alckmin declarou ao Estadão que Sidônio tem “experiência e sensibilidade” para avançar. Enquanto a oposição tenta convocar o ministro para explicar campanhas que classificaram o Congresso como “mamata”, Sidônio nega qualquer envolvimento do Planalto nas postagens e conseguiu adiar a ida à Câmara para depois do recesso. Até lá, o novo slogan já deve estar no ar, finaliza o Estadão.
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