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Magnitsky e dólar: ARX aponta os riscos da tensão com EUA e julgamento de Bolsonaro

- 28/08/2025 7 Visualizações 7 Pessoas viram 0 Comentários
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Em meio à escalada das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, junto com a aplicação da Lei Magnitsky, o economista-chefe da ARX Investimentos, Gabriel Barros, alertou para uma possível deterioração institucional e aumento do prêmio de risco no país. A análise foi compartilhada no podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo.

Segundo ele, a postura intransigente do Brasil em negociações comerciais pode gerar repercussões significativas no câmbio e nos fluxos de investimento. “A gente acha que vai piorar bastante [a deterioração institucional]”, disse.

A avaliação considera que, enquanto outros países encontram caminhos pragmáticos para negociar com os EUA, o Brasil mantém uma abordagem mais ideológica.

“Por uma miopia, por uma abordagem limitada dessa agenda… Agora, tem uma postura muito ideológica. Então, a gente foi surpreendido e a nossa cabeça é que vai piorar antes de melhorar.”

— Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos

Entre os fatores que contribuem para essa deterioração estão a proposta de taxação de Big Techs e a forma como o governo brasileiro tem conduzido debates sobre soberania digital.

“Tem ministro da Suprema Corte publicando no X sobre soberania digital. Virou um espantalho para tentar se capitalizar politicamente. Como a abordagem está muito política-barra ideológica, a gente acha que vai piorar”, afirmou.

Condenação de Bolsonaro e sanções podem ser gatilhos para reações dos EUA

O economista também aponta que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pode atuar como gatilho para novas sanções e maior tensão comercial.

“À medida que os ministros do Supremo forem votando, e se der a condenação do Bolsonaro — que é o que a gente acha mais provável —, isso pode virar um gatilho para novas sanções.”

— Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos

A análise considera ainda que o Brasil pode sofrer impactos diretos na balança comercial e na conta corrente, devido ao peso do investimento americano no país.

“Mais de 25% do fluxo de investimento externo direto que recebemos é americano. Isso pode machucar bastante nosso fechamento da balança de pagamentos e tem repercussão cambial”, destacou.

Além das tarifas sobre o aço, que já afetam o comércio, os especialistas alertam para a possibilidade de sanções setoriais ou até embargo comercial mais amplo.

“Se você escalar ainda mais, pode ter uma espécie de embargo comercial, que é como se fosse um estresse de uma sanção. No limite do limite, você pode ter sanção e multa”, acrescentou.

A ARX também lembrou casos internacionais, como multas bilionárias aplicadas a bancos estrangeiros por violarem sanções dos EUA, reforçando que qualquer tentativa de evitar penalidades pode trazer consequências graves.

Dólar pode se valorizar frente ao Real

No campo cambial, a ARX prevê desvalorização do real frente ao dólar como efeito direto das tensões comerciais e políticas.

“Essa deterioração de Brasil que vocês esperam, com base no posicionamento intransigente do País em relação às sanções que devem ser respondidas por intransigência americana também, deve aumentar o prêmio de risco no Brasil. Isso vai ser capturado no BRL.”

— Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos

Apesar da perspectiva negativa, o cenário de curto prazo ainda se beneficia do diferencial de juros brasileiro, que atrai capital estrangeiro para a renda fixa.

“O estrangeiro remete dólares para cá, transforma em reais, vende o dólar e compra real para comprar nossos ativos. Isso ajuda a pressionar positivamente o real”, explicou.

Contudo, essa lógica é considerada temporária. A expectativa é que, em algumas semanas ou meses, a dinâmica se inverta, principalmente com o impacto das decisões políticas e judiciais no Brasil.

“O gatilho para essa mudança de cenário, principalmente no câmbio, deve vir com a condenação do Bolsonaro.”

— Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos

Além do câmbio, ele também relaciona o cenário externo ao dólar globalmente fraco e à política monetária americana.

“O Brasil está surfando uma espécie de onda de dólar fraco global, mas isso é temporário”, alertou.




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