Um dia após Harvard mover um processo contra o governo Trump pelo congelamento de US$ 2,2 bilhões em fundos federais, mais de 180 líderes do ensino superior dos Estados Unidos divulgaram uma declaração conjunta criticando a escalada de interferência política sobre as universidades.

A nota, publicada na terça-feira (22), acusa a gestão republicana de colocar em risco a autonomia e a integridade do sistema acadêmico norte-americano.

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A declaração foi organizada pela Associação Americana de Faculdades e Universidades e reuniu 187 assinaturas até a manhã de terça-feira (22), incluindo reitores e presidentes de instituições como Universidade da Virgínia, Universidade de Wisconsin-Madison, Amherst College e Kenyon College.

A diversidade dos signatários, entre grandes universidades públicas de pesquisa e faculdades privadas, reflete a amplitude da preocupação com as medidas da Casa Branca.
“Devemos nos opor à intrusão indevida do governo na vida daqueles que estudam, vivem e trabalham em nossos campi”, afirma o documento. Os líderes acusam o governo de tentar cercear a liberdade acadêmica e ideológica das instituições de ensino, além de usar mecanismos financeiros para pressionar mudanças em sua governança.
O estopim da reação coletiva foi o processo judicial movido por Harvard contra a decisão do governo federal de congelar bilhões em contratos e bolsas de pesquisa.

Segundo o reitor Alan M. Garber, a universidade decidiu acionar a Justiça após receber uma lista de exigências que incluíam auditorias sobre supostos casos de plágio entre professores e a imposição de um supervisor externo para garantir “diversidade de pontos de vista” nos departamentos acadêmicos.
Harvard se recusou a cumprir os termos, e o Departamento de Educação anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em repasses.

As medidas foram vistas como uma tentativa de retaliação contra a resistência da universidade às mudanças propostas pela Casa Branca em temas como programas de diversidade, critérios de admissão e liberdade de expressão nos campi.
A tensão entre o governo Trump e o meio acadêmico tem se agravado desde que a atual gestão condicionou o acesso a verbas federais a critérios políticos e ideológicos, como a revisão de currículos e a restrição a programas de inclusão. Para os signatários da carta, essas ações ameaçam a missão central das universidades de promover o pensamento crítico e o livre debate.