O início do processo de flexibilização monetária pelo Banco Central ajudou a mudar radicalmente a visão dos investidores, que estão mais propensos a procurar ativos de risco. O interesse por fundos imobiliários (FIIs), por exemplo, ultrapassou o da renda fixa como um todo, indica pesquisa da XP com assessores de investimento. No estudo, realizado entre 2 e 9 de agosto, 71% afirmaram que os clientes estão interessados em aplicar em FIIs em agosto, para além da renda variável. A título de comparação, no mês anterior, a fatia de interessados era de 63%, o que representa uma alta de oito pontos percentuais em relação a julho. Já os assessores que veem os clientes interessados em alocar no Tesouro Direto e na renda fixa como um todo somam 70% – nível que se manteve estável entre julho e agosto. A expectativa mais positiva para os FIIs tem a ver com a redução dos juros. Um possível aumento na intensidade de cortes da Selic pelo Banco Central a partir do fim do ano poderia beneficiá-los. Após a divulgação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na última sexta-feira (11), cresceu a visão de que a autoridade monetária poderia incrementar o ritmo de flexibilização. Em entrevista ao InfoMoney na última semana, Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, disse que ainda trabalhava com um cenário de mais dois cortes de 0,50 ponto percentual na Selic na duas próximas reuniões do Copom, com o ritmo subindo para 0,75 ponto em dezembro – mas admitiu que uma antecipação deveria começar a entrar no radar do mercado se o aumento dos preços de serviços subjacentes permanecesse no patamar de 0,25%. Isso indicaria que inflação ficaria na meta em termos anualizados. Mais fundos de renda fixa, menos multimercadosA pesquisa da XP também trouxe um leve aumento no interesse pela alocação em fundos de renda fixa, que chegou a 45% em agosto, contra 41% em julho. Série exclusiva Renda Extra Imobiliária Descubra o passo a passo para viver de renda e receber seu primeiro aluguel na conta nas próximas semanas, sem precisar ter um imóvel Por outro lado, houve ligeira queda de interesse por investimentos em fundos multimercados, que passou de 49% em julho para 46% em agosto. O mesmo se viu em fundos de renda variável, com o interesse recuando de 24% para 23% agora. O interesse por criptoativos também apresentou uma pequena queda, saindo de 9% em julho para 7% em agosto. Investimento em açõesMesmo diante do início do ciclo de flexibilização monetária no País, o estudo da XP mostrou que a alocação em ações permaneceu baixa em agosto. Segundo a pesquisa, a maioria dos clientes (75%) ainda possui menos de quarto da carteira em renda variável. Entre os maiores temores listados por investidores estão os riscos fiscais no Brasil (38%), seguido pela recessão nos Estados Unidos (18%) e por um crescimento econômico fraco da China (14%). Instabilidade política e política monetária mais dura nos mercados desenvolvidos apareceram na sequência, com 9% e 8%, respectivamente. Apesar da manutenção de uma baixa alocação, a intenção dos clientes em aumentar os investimentos em ações continua em níveis elevados. A pesquisa mostrou que 64% dos assessores indicou que seu clientes planejam elevar a exposição a ações, em linha com o mês anterior – permanecendo perto da máxima histórica desde o início do estudo, em 2020. Dentro da renda variável, as maiores preferências ficaram com os setores financeiro, elétrico e de saneamento, além dos ligados a commodities. Transporte e educação, por outro lado, seguiram como os menos buscados por investidores em agosto. Investimentos internacionaisEmbora os investidores estejam mais otimistas com o cenário local, o interesse por investimentos internacionais manteve a tendência de alta, passando de 41% em julho para 42% em agosto. Mas isso não se refletiu nas alocações: 86% dos assessores disseram que menos de 10% dos seus clientes investiam em ativos internacionais. Entre os ativos mais procurados estão bonds (títulos de dívida emitidos por governos e empresas), com 52%, seguido por dólar (43%), ações internacionais (37%), fundos internacionais (36%) e ETFs (33%).
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