 O mestre russo do xadrez Boris Spassky morreu aos 88 anos, informou nesta quinta-feira à Reuters o diretor-geral da Federação Internacional de Xadrez (Fide), Emil Sutovsky. Spassky, que ganhou cidadania francesa em 1978, foi o 10º campeão mundial de xadrez, tendo mantido o título entre 1969 e 1972, quando perdeu para o norte-americano Bobby Fischer em Reykjavik, duelo que ficou conhecido como a disputa do século. Durante a disputa, ocorrida em meio à Guerra Fria, perdida pelo russo por 12,5 a 8,5, apesar de ter vencido as duas primeiras partidas, Spassky mostrou grande respeito, aplaudindo Fischer após ser derrotado na sexta partida. O ex-campeão mundial Anatoly Karpov, que derrotou Spassky nas semifinais do torneio de candidatos ao título em 1974, prestou uma calorosa homenagem ao colega. “Meus ídolos no xadrez eram José Capablanca e Boris Spassky. Quando consegui derrotar Spassky foi a maior das vitórias e, de certa forma, derrotando algo dentro de mim ao vencer meu professor”, afirmou Karpov à agência de notícias estatal RIA. “Para mim, Boris Spassky foi uma era inteira para o xadrez. Ele se tornou mais famoso, é claro, por ser o homem que entregou o título a Bobby Fischer. Mas ele teve chances de vencer aquela disputa. Ele pode ter perdido por uma ampla margem, mas quando tudo estava a seu favor, ele deixou suas chances escaparem.” Spassky era o campeão mundial de xadrez mais velho ainda vivo. “Morreu uma grande personalidade. Gerações de jogadores de xadrez estudaram e estão estudando seus jogos e seu trabalho. É uma grande perda para o país”, afirmou o presidente da Federação Russa de Xadrez, Andrei Filatov, à agência de notícias Tass. Spassky representou a França em três olimpíadas de xadrez, em 1984, 1986 e 1988. Durante a década de 1990, podia ser visto jogando nos Jardins de Luxemburgo, em Paris. No início dos anos 2000, sua saúde piorou e ele sumiu de Paris em agosto de 2012, ressurgindo em Moscou em outubro daquele ano. “Era meu desejo retornar à Rússia, porque meu tempo na França havia acabado. Era hora de começar uma nova etapa. Eu entendi que era hora de partir”, disse ele na época.
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