O presidente argentino, Javier Milei, deve discursar neste domingo (7) em um evento da direita no Brasil, depois de se reunir com políticos conservadores no país e recusar se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a diplomacia brasileira, caso Milei reitere provocações, o governo federal não hesitará em retaliar com uma possível retirada do embaixador da Argentina, como fez a Espanha. Milei mantém uma relação tensa com Lula, a quem chamou de “corrupto” e “comunista” em postagem no X na semana passada. Os líderes ainda não se encontraram desde a posse do presidente argentino e Lula afirma que quer um pedido de desculpas de Milei por dizer “muita bobagem”. Neste domingo, Milei se reuniu com Bolsonaro e com os governadores de São Paulo e Santa Catarina, Tarcísio de Freitas e Jorginho Mello, respectivamente, ambos apoiadores do ex-presidente. Eles discutiram a importância de melhorar o comércio entre os países, disse o porta-voz da presidência argentina, Manuel Adorni, que esteve na reunião. Em sua agenda ainda está prevista uma participação na CPAC Brasil 2024, um evento de políticos e apoiadores de direita, que neste ano foca em angariar apoio para os candidatos do partido de Bolsonaro nas eleições municipais. O jornal argentino La Nacion, afirmou que a participação de Milei poderá resultar em uma ruptura de relações entre o Brasil e a Argentina, a depender do que o libertário discursar, conforme sinalizações da diplomacia brasileira: “Esperamos que não haja uma reiteração da ofensa ao presidente Lula. Seria uma situação grave que poderia ter consequências diplomáticas profundas, como a retirada do embaixador em Buenos Aires, e que complicaria muito a relação bilateral a ponto de levar a uma virtual ruptura de relações, como aconteceu com a Espanha.” O presidente argentino teria comentado internamente que não pretende atacar Lula como fez com o presidente espanhol, Pedro Sánchez, mas pessoas ao seu redor garantem que “ele marcará claramente a posição da Argentina”. O colunista Jamil Chade, do Uol, escreveu que o Itamaraty cogita algumas opções de retaliação no caso de Milei usar o evento para ofender Lula. Entre as opções estariam uma ampliação da relação de Lula com governadores de províncias argentinas, chamar o embaixador brasileiro de forma temporária, impedir o embaixador da Argentina de atuar no Brasil e, por fim, retirar o embaixador brasileiro do país vizinho. O foco do Palácio do Planalto está em não cair nas provocações de Milei após o aumento da tensão nos últimos dias, mas há também o entendimento de que não é adequado ficar em completo silêncio. Tudo dependerá do tom adotado pelo presidente vizinho. Fora do MercosulA presença de Milei em Santa Catarina também implica na sua ausência na Cúpula do Mercosul, que acontece nos dias 7 e 8 em Assunção, no Paraguai. A chanceler Diana Mondino vai representar a Argentina no evento. A secretária do Itamaraty para América Latina e Caribe classificou a ausência do presidente argentino como “lamentável” e aumenta as tensões do país com seus pares regionais. Segundo o La Nacion, Milei não vê oportunidades para o país na América Latina, mas sim “foco de complicações”, enquanto as contribuições reais podem vir de uma liga global de extrema direita, “para a qual não encontra parceiros na região”. |
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