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Ministra do Trabalho de Cuba renuncia após negar existência de mendigos no país

- 16/07/2025 4 Visualizações 4 Pessoas viram 0 Comentários
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A ministra do Trabalho e Segurança Social de Cuba, Marta Elena Feitó, renunciou ao cargo após afirmar que “não há mendigos em Cuba” — apenas pessoas “disfarçadas de mendigos”.

A declaração, feita em sessão parlamentar televisionada na segunda-feira (14), gerou forte reação social e política, e expôs o crescente descompasso entre o discurso oficial e a realidade nas ruas do país.

Segundo a imprensa estatal, a saída de Feitó foi aceita pelas “mais altas autoridades do Partido Comunista de Cuba” diante da “falta de sensibilidade e objetividade” demonstrada por suas falas.

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Durante a sessão, a ministra tentou defender os programas sociais do governo, mas minimizou a existência de pessoas em situação de rua: “Vemos pessoas aparentemente mendigos, mas quando olhamos para as mãos, para as roupas que vestem, estão disfarçadas de mendigos. Em Cuba, não há mendigos”, afirmou.

Ela também criticou os limpadores de para-brisa em cruzamentos da capital e negou que pessoas buscando restos de alimentos em lixeiras estivessem de fato em situação de fome. A fala viralizou rapidamente, sendo ironizada por internautas: “Lembre-se, em Cuba não há mendigos. São apenas figurantes”, escreveu um deles, ao lado de fotos de pessoas revirando contêineres.

Críticas internas e repreensão do presidente

A repercussão negativa não se limitou às redes sociais. O economista Pedro Monreal, pesquisador do tema da desigualdade em Cuba, comentou: “Deve ser que também há gente disfarçada de ministra”.

Durante o próprio Parlamento, o presidente Miguel Díaz-Canel interrompeu a agenda para dedicar 20 minutos à repreensão pública da ministra: “Nenhum de nós pode atuar com soberba, com prepotência, desconectado da realidade”, afirmou, reconhecendo a existência de cidadãos em “situação de vulnerabilidade”.

Sem mencionar diretamente o termo “pobreza”, o presidente buscou descolar o governo da declaração da agora ex-ministra, em meio ao avanço da crise social no país.

Pobreza crescente

Cuba enfrenta sua pior crise econômica desde os anos 1990. Entre 2018 e 2023, a inflação acumulada chegou a 190,7%, segundo o Centro de Estudos da Economia Cubana. A população convive com apagões diários, escassez de alimentos e medicamentos, e racionamentos de combustível. O cenário foi agravado por sanções econômicas dos Estados Unidos e pela perda de receitas turísticas no pós-pandemia.

Embora o governo evite o termo “pobreza”, dados oficiais apontam que 189 mil famílias cubanas (cerca de 350 mil pessoas) vivem atualmente em situação vulnerável — um número expressivo para um país de apenas 9,7 milhões de habitantes.

Relatos de agências internacionais como a AFP indicam o crescimento visível da população em situação de rua nas principais cidades cubanas, algo que historicamente era negado ou minimizado pelo regime.




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