 O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (4) a suspensão dos efeitos tanto do decreto do governo que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), quanto do decreto legislativo que derrubava a medida. A decisão visa frear a escalada de tensão entre os Poderes e abre espaço para uma tentativa de mediação institucional. Além de paralisar os efeitos práticos dos atos, Moraes convocou uma audiência de conciliação entre representantes do Executivo e do Legislativo para o dia 15 de julho, no plenário do STF, em Brasília. Os dois lados terão cinco dias para prestar esclarecimentos formais sobre os fundamentos que embasaram suas decisões. Embate político expostoO aumento do IOF pelo governo federal, justificado como parte de uma política de justiça tributária voltada à taxação de rendas mais altas, foi imediatamente rechaçado pelo Congresso Nacional. Parlamentares argumentaram que a elevação da carga tributária não é aceitável diante da falta de cortes significativos nas despesas públicas. A reação culminou na derrubada do decreto presidencial pelo Legislativo — medida sem precedentes recentes e que acendeu o alerta no Palácio do Planalto sobre os limites da articulação política do governo Lula. Tensão institucional no centro do debateO confronto chegou ao STF após a Advocacia-Geral da União (AGU), liderada por Jorge Messias, ingressar com uma ação que acusa o Congresso de usurpar prerrogativas do Executivo ao sustar os efeitos do decreto sobre o IOF. No processo, a AGU argumenta que houve violação do princípio da separação entre os Poderes. Moraes, relator do caso, optou por uma solução conciliadora. Ao suspender temporariamente os dois atos, o ministro evita um desgaste institucional imediato e transfere para o STF o papel de mediador da crise. A audiência convocada representa uma tentativa de reaproximação entre os Poderes em meio ao impasse.
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