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Segurança

MP realiza perícia independente em corpo de jovem morto durante ação da PM no RJ

- 08/06/2025 36 Visualizações 36 Pessoas viram 0 Comentários
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Peritos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram, neste sábado, uma perícia independente no corpo do jovem morto durante uma operação policial no Morro Santo Amaro, no Catete, zona sul da capital. A medida, determinada pelo procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, tem como objetivo, segundo o MPRJ, assegurar uma investigação técnica e imparcial, paralela à perícia oficial.

Utilizando escaneamentos tridimensionais e tecnologias digitais avançadas, os legistas mapearam lesões e vestígios com o intuito de reconstruir a dinâmica dos fatos que levaram à morte da vítima. Herus Guimarães Mendes, de 23 anos, foi baleado na barriga e morreu após ser atingido por um disparo durante a ação da Polícia Militar que interrompeu uma festa junina organizada por moradores.

Office boy de uma imobiliária, Herus era pai de um menino de dois anos e morador da comunidade. Ele chegou a ser levado ao Hospital Glória D’Or, mas não resistiu aos ferimentos.

— O MPRJ acompanha desde os primeiros momentos o ocorrido no Morro Santo Amaro, com promotores de Justiça, perícia independente e equipamentos especiais. A instituição reafirma o compromisso de exercer o controle externo da atividade policial, apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos — afirmou o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) determinou ainda a adoção de uma série de medidas para investigar a operação policial. Ofícios foram enviados às secretarias de Estado de Polícia Militar e de Polícia Civil, requisitando providências para garantir a apuração dos fatos.

Entre as solicitações feitas à Polícia Militar estão a preservação das imagens das câmeras corporais utilizadas pelos agentes durante a ação e o envio de todo o material audiovisual registrado. À Corregedoria da PM, o MPRJ solicitou esclarecimentos sobre os objetivos, procedimentos adotados e impactos da operação.

Já à Polícia Civil, o Ministério Público requisitou que peritos da instituição tivessem acesso ao Instituto Médico-Legal (IML) para acompanhar os exames de necropsia da vítima, procedimento realizado na tarde deste sábado.

Os trabalhos periciais foram conduzidos por equipes da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ), da Coordenadoria de Inteligência da Investigação (CI2/MPRJ), da Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/CI2) e do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE/MPRJ).

Segundo o pai da vítima, Fernando Guimarães, toda a família estava na festa — inclusive ele e a esposa — quando, por volta das 3h30, homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) entraram no local efetuando disparos.

— Estávamos na festa, cheia de crianças. Eles entraram atirando, sem motivo algum. Meu filho tinha acabado de sair para comprar um lanche. Graças a Deus, o filho dele não estava presente. O tiro atingiu o baço. Ele chegou a ser reanimado no hospital, mas não resistiu. Era trabalhador, sem ficha criminal, pagava pensão. Infelizmente, não vai voltar. Hoje ele é mais um. Mas as autoridades precisam explicar o que estavam fazendo no morro naquele horário. Quem autorizou essa operação? — desabafou o pai, ainda no hospital.

Moradores relataram pânico e correria no momento da incursão policial. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram crianças correndo e pessoas se abrigando atrás de carros e muros para fugir dos disparos. Em um dos registros publicados no perfil do Instagram @geancg, um dos frequentadores da festa descreveu a cena:

— Eu tô bem, tá ligado? Estava lá durante a festa junina e, surpreendentemente, aconteceu uma operação policial. Houve crianças, pessoas sendo pisoteadas, chorando, gente que não é do morro sem saber para onde correr, desesperadas, aterrorizadas — relatou o morador.

A ação policial interrompeu a festa, que reunia moradores e visitantes. Em meio à confusão, há relatos de que algumas pessoas foram pisoteadas ao tentarem se proteger dos disparos.

Em nota, a Polícia Militar informou que os agentes usavam câmeras de uso corporal e que o material já está sendo analisado pela Corregedoria da corporação. O comando do Bope também instaurou um procedimento apuratório interno para investigar as circunstâncias da operação.




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