Fraca, mas dentro do esperado. Esse foi o diagnóstico sobre a temporada de resultados do 2° trimestre de 2023 iniciado em 19 de julho e que chegou ao fim na última semana. Desde o início desta última temporada de resultados, destaca a XP, tanto as ações globais quanto as brasileiras tiveram desempenhos negativos. Entre 15 de julho e 15 de agosto, o índice de ações globais (MSCI ACWI) caiu quase 1%, enquanto o Ibovespa registrou retornos de -1,3% em reais e quase -5% em dólares. O cenário macro global explica o desempenho negativo dos ativos de risco globais: uma combinação de uma fraca retomada da economia chinesa, preocupações com a trajetória da política monetária das economias desenvolvidas e uma rápida elevação das taxas de juros globais. Porém, o desempenho inferior do Brasil também é parcialmente explicado por uma temporada de balanços do 2° trimestre não tão positiva pressionando os mercados, avalia a equipe de estrategistas. A XP destaca que, dentro da cobertura da XP, 17% superaram as estimativas de receita, 10% ficaram aquém e 73% ficaram em linha com as estimativas. Quanto ao Ebitda (lucros operacionais), 34% superaram as estimativas, 49% vieram em linha com as projeções e 17% ficaram abaixo. Em termos de lucro líquido, 55% superaram as suas estimativas, 28% ficaram aquém e 17% ficaram em linha. O Lucro por Ação (LPA) do Ibovespa caiu 30,1% no 2º trimestre 2023 na comparação anual, mas cresceu ligeiramente +3,0% em relação ao 1º trimestre. De acordo com levantamento feito pelo Trademap levando em conta 295 empresas não financeiras com ações cotadas na B3, a receita do segundo trimestre de 2023 foi 1,6% menor em comparação ao mesmo período do ano anterior. Essa queda, totalizando R$ 11,9 bilhões, resultou em vendas trimestrais totais de R$ 722 bilhões. A amostra exclui os balanços da Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e Marfrig (MRFG3), a fim de evitar distorções nos resultados. O valor agregado indica um período mais desafiador para os negócios, impactado pela alta taxa de juros, embora o lucro líquido trimestral das empresas tenha permanecido positivo. Esse lucro aumentou 19,5% em relação a 2022, totalizando R$ 34,2 bilhões, com um alta de R$ 4,6 bilhões. A explicação para o aumento do lucro neste recorte em relação à queda nas vendas está no resultado financeiro das empresas – o saldo entre despesas e receitas financeiras – que melhorou em 33,5%, passando de R$ 53,8 bilhões negativos para R$ 35,8 bilhões. Essa melhora foi possível devido à queda do dólar em relação ao real, aponta o estudo. No segundo trimestre de 2022, o dólar fechou em R$ 5,24, com uma valorização de 10,56% no período, o que resultou em despesas financeiras significativas e prejudicou os lucros das empresas. Já no segundo trimestre de 2023, o dólar encerrou a R$ 4,82, com uma queda de 5,14% no trimestre, gerando um ganho financeiro para as empresas devido às parcelas de endividamento em moeda estrangeira. A dívida bruta e líquida aumentou no segundo trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022, enquanto o caixa das empresas registrou uma queda de 1,66%, avalia o Trademap. A equipe do Safra também apontou que a atividade econômica doméstica ainda fraca, taxas de juros altas e pressões inflacionárias, combinadas com a baixa de preços de commodities, levaram a uma temporada fraca. Contudo, o desempenho veio apenas um pouco abaixo das expectativas dos estrategistas, uma vez que já haviam antecipado parte desses fatores em suas prévias para os balanços. De acordo com eles, o trimestre mostrou contração de 4,4% na receita e de 23,1% no Ebitda ano a ano das companhias sob cobertura do Safra. Quando excluídos os resultados de Petrobras e Vale, as receitas cresceram modestamente (+3,8%), enquanto o Ebitda caiu 1,5% e o lucro líquido encolheu 14,7%. Com um cenário ainda desafiador, mas com possíveis fatores positivos no radar, quais as lições que a temporada de resultados pode trazer para os mercados? Na visão da Ágora Investimentos, o fim da temporada, ainda que os balanços não tenham sido animadores, pode representar um ponto positivo para o mercado, já que se pode ter uma clareza maior sobre o comportamento dos resultados das empresas nesse ambiente econômico ainda desafiador. Ao olhar para a cobertura de ações do Bradesco BBI, de 146 empresas, os analistas da casa avaliam que, considerando apenas o ambiente operacional (e utilizando o Ebitda como referência para tal), mais de 80% das empresas apresentaram números em linha e/ou acima do esperado pelo consenso de mercado. “Para nós, isso pode sugerir que a despeito de uma economia mais desaquecida, a escala e o poder de barganha das empresas listadas tornam possível ganhos de participação de mercado e de margem (lembre-se que se tratam das maiores empresas do país, ou as líderes em seus respectivos setores), em função de empresas menores menos saudáveis financeiramente (seja por menor acesso ao crédito, seja por um ambiente competitivo mais desafiador)”, aponta. Ao avançar um pouco mais nos resultados, analisando a linha do lucro líquido, nota uma maior elasticidade dos dados: neste caso “apenas” 60% das empresas superaram ou satisfizeram as expectativas consensuais. “Para nós, isso também é perfeitamente normal nessa etapa do ciclo econômico. A linha do lucro líquido, notavelmente, contabiliza aspectos que não necessariamente influenciam o caixa e a saúde financeira de uma empresa no curto prazo”, avalia. A casa cita que, por exemplo, ao longo de todo o 2º trimestre, houve uma grande descompressão nas taxas de juros futuras aqui no Brasil, com impacto praticamente proporcional na paridade cambial (em outras palavras, o dólar caiu frente ao real). Aquelas empresas que são altamente endividadas, em dólares ou em real, tiveram que realizar o ajuste em suas obrigações, o que levou a ganhos expressivos em muitos casos –mas que, nesse caso, não necessariamente se traduzirão em caixa efetivo, ao menos não no curtíssimo prazo. “Seja como for, na média, houve mais surpresas positivas do que negativas para os investidores ao longo do 2T23”, avalia, o que pode ser um fator de descompressão para o mercado. Na mesma linha, está o JPMorgan, que aponta que o cenário de corte de juros deverão gerar melhor crescimento, melhorando o faturamento das empresas e também menos perdas financeiras. Impacto por setores Com uma visão mais cautelosa, os analistas da Genial separaram os desempenhos entre as empresas focadas no mercado interno em comparação às exportadoras, observamos uma queda no desempenho de ambas. “No entanto, as empresas com foco doméstico demonstraram certa resiliência, sugerindo que o ambiente global é mais desafiador que o nacional”, avalia a casa. As corporações brasileiras têm sido afetadas pelo alto nível de alavancagem financeira. Contudo, a casa também avalia que, diante da perspectiva de queda nas taxas de juros, este fator poderá se tornar um importante catalisador para a melhora dos resultados, aponta. Mesmo assim, o cenário permanece com perspectivas negativas e repleto de desafios. Confira abaixo os setores que surpreenderam positiva e negativamente e aqueles que mostraram tendências mistas no 2º trimestre de 2023: Destaques positivos Entre os principais destaques positivos por setor, os estrategistas do Safra citaram o de telecomunicações, observando que as empresas continuaram se beneficiando do ambiente competitivo racional, após a consolidação dos ativos da Oi. Na visão do Bank of America, as empresas de comunicação Vivo (VIVT3) e TIM (TIMS3) tiveram resultados positivos devido à forte expansão das margens e ao elevado crescimento na receita de serviço móvel (MSR) acima da inflação, o que tem sido uma tendência desde a consolidação do setor. Para o Safra, também entre os destaques positivos, estão as companhias de serviços públicos, ajudadas pela consolidação de novos ativos, bom desempenho em custos, inadimplência e perdas. A XP avalia que, em Elétricas e Saneamento, os principais destaques foram Eletrobras (ELET3) e Sabesp (SBSP3), registrando fortes resultados. Adicionalmente, a Equatorial (EQTL3) continuou mostrando sua capacidade de turn-around em ativos de distribuição. A Sanepar (SAPR11) também foi um destaque positivo em saneamento. Os analistas do Safra citaram concessões se beneficiando da melhoria do tráfego e das tarifas, bem como a integração bem-sucedida de novos ativos, além de seguros, farma e do segmento industrial. Para a XP, o setor financeiro também teve uma temporada positiva no geral. “Apesar do cenário macroeconômico ainda aquém do ideal, pressionando os negócios de tarifas e a inadimplência, a maioria das empresas do nosso universo de cobertura manteve o foco na eficiência e apresentou melhores resultados, o que vemos como um habilitador para melhorar os resultados quando as condições macro melhorarem”, avaliam os estrategistas. Com relação aos bancos incumbentes, embora praticamente todos tenham aumentado o provisionamento, alguns deles ainda conseguiram apresentar resultados resilientes e forte rentabilidade – principalmente Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3). Já o Bradesco (BBDC4) decepcionou mais uma vez, assim como o Santander Brasil (SANB11), avalia o Bank of America, com tendências operacionais fracas e contração da carteira de empréstimos. No segmento de mercados de capitais, aponta a XP, enquanto a maior parte do trimestre ainda apresentou atividade moderada, a aceleração rápida e inesperada que ocorreu nos últimos dias de junho melhorou o sentimento para o resto do ano. Além disso, essas empresas compensaram ainda mais as ainda lentas receitas de Renda Variável com outras fontes de receita e controle de custos. Já Neo-banks e Fintechs não apenas continuaram mostrando melhorias operacionais sequencialmente, mas também imprimiram resultados acima do consenso. Nu (ROXO34) e Inter (INBR32) apresentaram números melhores do que o esperado, aumento o otimismo com os próximos trimestres. Do outro lado, os resultados de Méliuz (CASH3) devem seguir pressionados até que a parceria com o BV decole, avaliam os estrategistas da casa. “Dito isso, ainda vemos oportunidades atraentes no setor e mantemos ITUB4 (Top Pick) e BBAS3 como nossos nomes preferidos. Nu e BTG BPAC11) imprimiram números fortes para o trimestre, mas o preço das ações no acumulado do ano deixam pouco espaço para altas”, destacam. Oferta Exclusiva CDB 230% do CDI Invista no CDB 230% do CDI da XP e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney O BofA também avalia o setor de educação como um destaque positivo. A maioria das empresas teve melhorias operacionais com aumento de tickets, melhor controle de custos e redução da dívida líquida. O banco aponta que Yduqs (YDUQ3) teve forte desempenho, com destaque para o ensino à distância. A XP reforça que, para as empresas de ensino superior, os 2Ts geralmente refletem os números dos 1Ts, dado que a maior parte das matrículas ocorre no 1T de cada ano – especialmente em relação ao segmento presencial. “Durante o 2T23, pudemos observar (i) a continuação de um carrego de resultados do 1T23, (ii) níveis de evasão estáveis, com aumentos em alguns casos devido a uma maior participação de calouros nas bases de alunos das empresas, e (iii) indicadores de PDD [Provisão para Devedores Duvidosos] saudáveis. O setor de construção, por sua vez, teve o segmento de baixa renda refletindo um cenário de forte demanda no 2T, impactando positivamente as vendas líquidas da maioria das empresas, também impulsionadas por um ritmo mais forte de lançamentos. “No entanto, os resultados mostraram um cenário misto. Empresas mais afetadas pela inflação dos custos de construção continuaram relatando margens sob pressão, embora aumentos consistentes de preços tenham levado a sinais mais claros de recuperação da rentabilidade”, avalia a XP. Por outro lado, empresas que foram mais eficientes no controle de custos ao longo de 2022 aproveitando o momento positivo da demanda para expandir as receitas mantendo uma sólida rentabilidade, levando a resultados acima de nossas estimativas. No segmento de média/alta renda, houve um cenário de demanda melhor em comparação com 2022, impulsionando as vendas líquidas e impactando positivamente o crescimento da receita líquida (na base anual). “Descontos continuaram pressionando a margem bruta, mas empresas que focaram lançamentos no segmento de alta renda conseguiram melhorar gradualmente a rentabilidade”, avalia a casa. O BofA aponta que construtoras residenciais de média/alta renda relataram bons resultados no 2T23, ajudadas por uma forte aceleração nos lançamentos, apesar de um ambiente fraco de vendas de estoque. “A chave para observar o futuro é a evolução da margem bruta (…) Continuamos a ver um cenário difícil, já que os construtores de renda média/alta acumulam um estoque difícil de vender e devem enfrentar picos de entregas no próximo ano. Isto poderá levar a políticas de descontos mais elevadas, exercendo pressão adicional sobre as margens”, aponta. Os shoppings apresentaram resultados positivos com melhores tendências operacionais (aumento de vendas e crescimento de aluguéis). “É fundamental observar com antecedência a tendência das vendas após uma ‘desaceleração’ no acumulado do ano e o crescimento dos aluguéis em meio a uma inflação menor do que o previsto”, avalia. Destaques negativos Do lado negativo, o Safra avalia que o setor de tecnologia refletiu desaceleração da receita devido ao menor repasse da inflação na dinâmica de preços com impactos nas margens. Os analistas do Safra também apontam que mineração sofreu com preços de minério de ferro mais baixos e volume de vendas estável em relação ao ano anterior. Já entre as commodities, a XP ressalta que, com preços de minério de ferro mais baixos e um ambiente desafiador para aumentos de preços na indústria siderúrgica, houve um desempenho sequencial mais fraco para os nomes sob sua cobertura de mineradoras e siderúrgicas. “Do lado positivo, a produção da Vale VALE3) melhorou no trimestre e a Gerdau (GGBR4) reportou um melhor desempenho relativo versus pares, apesar de menores dividendos anunciados. Por outro lado, CBA (CBAV3), Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3) foram os destaques negativos do trimestre”, aponta. O Safra também cita que o varejo foi afetado pelo cenário macroeconômico difícil, inverno atípico e alto índice de inadimplência do vestuário mainstream, despesas financeiras altas para canais online e desaceleração da inflação para varejistas de alimentos. A XP avalia que as dinâmicas de receita e rentabilidade do varejo ainda estão pressionadas, com prejuízo líquido/queima de caixa para as companhias no geral. Dito isso, as varejistas de alta renda continuaram sendo o destaque positivo, com uma tendência geral de crescimento sólido e recuperação de rentabilidade, enquanto as varejistas de vestuário de média renda foram o destaque negativo do trimestre, com resultados ainda fortemente pressionados por ventos contrários no cenário macro/clima, juntamente com bases de comparação fortes e resultados pressionados em serviços financeiros com taxas de inadimplência ainda altas em todos os setores. Entre os segmentos mais defensivos, a XP nota que tanto o varejo alimentar quanto farma apresentaram dinâmica semelhante no trimestre, com (i) varejo alimentar sendo afetado pela desaceleração da inflação alimentar, com vendas nas mesmas lojas (SSS) e rentabilidade pressionados, este último impactado pelos planos de expansão das companhias, aumento da concorrência e dinâmica da inflação, enquanto (ii) farma teve uma dinâmica semelhante na receita, com desaceleração do SSS e queda na rentabilidade ano a ano, devido ao menor reajuste de preços e ganhos de estoque, juntamente com um mix de canais mais fraco no trimestre. Já os os players de e-commerce ainda tiveram uma dinâmica de vendas pressionada com macro desafiador, com a Via (VIIA3) sendo o destaque negativo e anunciando uma reestruturação corporativa ao mercado, enquanto o Magazine Luiza (MGLU3) teve uma dinâmica de margem bruta melhor e geração de caixa positiva, porém com despesas não recorrentes que compensaram os ganhos de margem bruta. Ainda em destaque, o trimestre foi desafiador para os frigoríficos brasileiros em geral, avalia o BofA. Para os players com presença nos Estados Unidos, os resultados do trimestre refletiram as condições desbalanceadas de oferta e demanda de aves e suínos, além da virada no ciclo do gado que piorou a disponibilidade de gado vivo para o abate, aumentando os custos. No Brasil, o trimestre também foi afetado por uma dinâmica parecida de oferta e demanda desequilibrado de aves e suínos. “No lado positivo, o ciclo do gado no Brasil continuou positivo, com ampla oferta de gado para o abate, o que fez com que as margens das operações de carne bovina fossem acima das expectativas no trimestre”, avalia. O BofA também aponta o segundo trimestre como de muitos desafios para as empresas de proteínas no Brasil e nos EUA devido à alta base de custos compensando o desempenho dos preços. Entre as empresas de agro, a XP avalia que o trimestre (ano safra 1Q24) foi fraco de maneira geral para os players de Açúcar e Etanol. Uma queda nos resultados já era esperada devido aos preços mais baixos de etanol. “Entretanto, melhores preços de açúcar e custos mais baixos eram ventos favoráveis, mas não foram suficientes para compensar a queda nas margens devido aos preços mais baixos de etanol”, avalia. Resultados mistos Os resultados do setor de petróleo e gás foram considerados mistos. Conforme destaca a XP, a 3R (RRRP3) reportou resultados acima do esperado, Petrobras (PETR4) ficou ligeiramente abaixo das expectativas (embora o fluxo de caixa operacional menos investimentos, ou capex, tenha ficado acima das estimativas). Já PRIO (PRIO3), PetroReconcavo (RECV3) e Cosan (CSAN3) reportaram resultados em linha com as suas estimativas. Para as “junior oils”, planos de desenvolvimento da produção, alocação de capital e fusões e aquisições (com alguns ativos específicos sendo discutidos pela 3R e PetroReconcavo) foram temas recorrentes durante as teleconferências. Os resultados da Petrobras, por sua vez, foram ofuscados por anúncios posteriores, como o programa de recompra de ações e o posterior anúncio de aumentos de combustível, enquanto a Cosan descartou qualquer oferta de ações para seus negócios em 2023, aponta a casa. Na visão do BofA, os números de petróleo e gás forem sequencialmente mais fracos, conforme esperado, com os preços médios do brent de US$ 76 o barril (bbl) no 2T23 versus US$ 82/bbl no 1T23, além de haver o impacto da tributação das exportações de petróleo que terminou em junho deste ano. Na Distribuição de Combustíveis, resultados mais fracos explicados pela redução dos preços dos combustíveis e pelo ambiente desafiador para a distribuição. Entre outros setores, a XP avalia ainda que o 2T23 foi um trimestre misto para os players de Alimentos e Bebidas, refletindo a dinâmica de cada mercado. Para a M. Dias Branco (MDIA3) foi um trimestre forte refletindo principalmente a queda nos custos do trigo e do óleo de palma, enquanto foi desafiador para a Camil (CAML3) principalmente por um ambiente mais desafiador na categoria de Açúcar e devido a sua alavancagem mais elevada. “Em AmBev, (ABEV3) os resultados foram neutros, em linha com as expectativas, com volumes tímidos mas com expansão de margens devido a custos mais baixos”, aponta. Os números também foram “mistos” para as empresas de Bens de Capital. Do lado positivo, a XP destaca (i) o impressionante nível de rentabilidade da WEG (WEGE3), além de uma ligeira melhora de receita, conforme esperado, e (ii) números fortes para a Marcopolo (POMO4), favorecidos (entre outros fatores) por um melhor mix e preços unitários favoráveis e levando a maior superação em relação às suas estimativas. Foi vista uma dinâmica semelhante para (iii) Embraer (EMBR3) e Aeris (AERI3), com melhoria operacional contínua (seguida de melhoria de margem para a Embraer e um balanço mais limpo para a Aeris) – no entanto, para ambos a carteira de pedidos aparece como a principal preocupação. Os resultados foram positivos para (iv) Frasle (FRAS3) conforme o esperado, impulsionados por um ambiente saudável de demanda por produtos de reposição no Brasil, apoiando resultados positivos da Randon RAPT4 (apesar de um cenário de mercado desfavorável para veículos pesados no Brasil). No setor de saúde, a XP aponta que cadeia de valor da saúde continua pressionada. No entanto, nesta temporada de resultados, pode-se observar algumas melhorias. Durante este trimestre: (i) Hapvida (HAPV3) e Sulamérica (agora parte da Rede D’Or RDOR3) apresentaram resultados positivos, principalmente devido a aumentos de preços, o que resultou em perdas líquidas para a Hapvida, mas uma clara indicação de sinistralidade caixa positiva; (ii) enquanto os resultados dos prestadores hospitalares foram mistos. Mais uma vez, a Rede D’Or foi o destaque positivo, com números sólidos tanto na vertical de hospitais quanto na seguradora, com um ponto de atenção em relação à um efeito pontual no ticket dos hospitais e expansão de margem; (iii) a Oncoclínicas apresentou resultados positivos, com destaque para a normalização do capital de giro, refletindo em um forte fluxo de caixa operacional para o período; e (iv) o Fleury (FLRY3) apresentou resultados ligeiramente positivos, com PSC (unidades de atendimento a clientes) e novos elos impulsionando a receita, enquanto a vertical de B2B foi o destaque negativo. Na indústria farmacêutica, a Hypera (HYPE3) mais uma vez entregou números em linha com o guidance, com novos lançamentos que representando aproximadamente 74% do crescimento total da receita no período; e (ii) a Blau (BLAU3) ainda enfrenta dificuldades em entregar resultados positivos, devido à dinâmica desafiadora em alguns mercados, combinada com o uso de estoques com um custo mais elevado, o que resultou em uma queda de margem ano a ano. O que olhar no terceiro trimestreOlhando para o terceiro trimestre, os analistas do Safra afirmam ver uma boa dinâmica para construtoras, mantendo o bom desempenho do segmento de baixa renda e melhores resultados para média e alta rendas. Também enxergam as operadoras de saúde com melhora em índices de sinistralidade e despesas com vendas, gerais e administrativas, indicando melhorias de margem nos próximos trimestres. Para petróleo e gás, os analistas do Safra citam perspectiva positiva para os produtores independentes, pois esperam tendências positiva para produção e precificação, enquanto no de serviços de utilidade pública avistam revisões tarifárias, incorporação de ativos e continuidade nas estratégias de recuperação. (com Reuters)
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