 A PEC que dá fim à reeleição, em discussão no Senado, contrapõe limites impostos para representantes que ocupam o poder nos Estados Unidos e em países da Europa, América Latina e Ásia. O texto restringe a permanência do presidente no cargo a um mandato, que passaria a ter duração de cinco anos para funções tanto do Executivo quanto do Legislativo — o texto também estabelece eleições unificadas. Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça-feira, a proposta depende agora da análise do plenário da Casa e, posteriormente, da Câmara. Caso seja aprovada, ela passará a ser implementada a partir de 2028 em instâncias menores do poder. As restrições propostas, no entanto, diferem, em parte, das regras estabelecidas em outras nações. A legislação americana, por exemplo, permite que o presidente seja eleito duas vezes e esteja à frente do país por oito anos, consecutivos ou não. Depois desse período, ele não poderá disputar uma terceira vez, mesmo que seja no futuro. A regra, prevista na 22ª emenda da Constituição, tem sido questionada por aliados do atual presidente, Donald Trump, que levantam a possibilidade de ele concorrer à reeleição na próxima disputa eleitoral. Em campanha, a loja virtual do republicano já vende bonés e adereços com o lema “Trump 2028”. Já no México, a reeleição para presidente e governadores está proibida desde 1917, mas uma reforma constitucional em 2014 permitiu que deputados, senadores e representantes de instâncias inferiores fossem reconduzidos ao cargo até duas vezes seguidas. A mudança chegou a ser contestada em fevereiro deste ano pela presidente Claudia Sheinbaum, que enviou ao Congresso propostas que dão fim à possibilidade de que qualquer candidato que dispute o voto popular seja reeleito. Por outro lado, em países como a Argentina, as regras eleitorais se assemelham à legislação brasileira vigente, que estabelece um limite de dois mandatos consecutivos, de quatro anos cada, para presidente. Uma determinação parecida é aplicada na França, com a diferença de que o tempo de permanência pode ser estendido para cinco anos. O sistema político francês, contudo, estabelece que a divisão do poder também passe pelas mãos de um primeiro-ministro, escolhido pelo Parlamento. O órgão é dividido entre a Assembleia Nacional, cujos integrantes são eleitos a cada cinco anos, e o Senado, onde representantes tiveram o mandato reduzido de nove para seis anos em 2011. A diminuição do tempo de senadores no cargo também está prevista pelo texto da PEC discutida no Brasil, que prevê redução de oito anos também para cinco. Em sistemas parlamentaristas, como o Reino Unido e a Alemanha, não existem limites para os chefes de governo permanecerem no cargo nem restrições à possibilidade de reeleição. O tempo para os primeiros-ministros seguirem no poder depende, por sua vez, da capacidade dos partidos representados por eles manterem a maioria em seus respectivos parlamentos, nos quais as eleições podem acontecer a cada quatro anos, caso não sejam antecipadas. A exceção a essa regra acontece na Câmara dos Lordes britânica, onde integrantes podem herdar cargos vitalícios. Um modelo de parlamentarismo parecido é seguido no Japão, país em que o Legislativo é dividido entre as câmaras dos Representantes e dos Conselheiros, que têm eleições a cada quatro e seis anos, respectivamente. A escolha do primeiro-ministro também deve ser feita pela maioria do Parlamento, mas deve ter o aval do imperador japonês. Já na Itália, há a escolha indireta do presidente para um mandato de sete anos ocorre por um colégio eleitoral formado por deputados, senadores e delegados regionais. O chefe de governo pode, em seguida, indicar o primeiro-ministro, que também depende do crivo do parlamento.
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