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Economia

Pessimismo com Fiagro foi exagerado e especialistas sugerem foco em governança

- 26/08/2025 4 Visualizações 4 Pessoas viram 0 Comentários
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Diversificação, governança e transparência são os antídotos à crise reputação gerada pelas notícias de recuperações judiciais de empresas do agronegócio desde o ano passado. Essa foi a tônica dos debates no XP Agro Insights, evento que reuniu nesta terça-feira (26) especialistas, representantes de empresas e gestores especializados em Fiagros (Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais).

No evento foi lembrado que houve um período de prosperidade entre 2020 e 2022, ou seja, quando nasciam os Fiagros, com várias empesas se alavancando. Na sequência, veio uma virada de ciclo, com quebra de safras, aumento de custos e alta do serviço da dívida, devido aos juros mais salgado. Com isso, a inadimplência cresceu e os pedidos de recuperação judicial cresceram 138% entre 2023 e 2024.

Mesmo com esses problemas, o diagnóstico é que o mercado colocou um pessimismo exagerado sobre os Fiagros. Marx Gonçalves, head de Fundos Listados no Research da XP, disse que já há uma evidente recuperação na performance desses fundos em 2025.

Após ter uma performance abaixo dos FIIs no ano passado, os fundos do agro já retornaram à performance média de 22%, ilustrou Gonçalves. Ele disse ver valuation e carrego atrativo de fundo com carteira de crédito saudável e garantiu que há margem suficiente para investir.

Para os participantes do debate, a crise momentânea foi importante para “separar o joio do trigo”, expressão repetidas alguma vezes no evento. Mas o que pode dar ao investidor a segurança de alocar recursos em fundos específicos do setor? A governança das empresas e a diversificação geográfica e de culturas de suas operações, aliada à transparência dos gestores foi a resposta.

Algumas companhias foram usados como exemplos de resiliência. Christiane Assis, diretora de Relações com Investidores da JBS, por exemplo, destacou que a empresa tem seus negócios bem distribuídos em mercados diferentes e proteínas diferentes. A gigante do setor de carnes tem unidades em mais de 17 países e exporta para mais de 180 mercados, com uma receita agregada equivalente a US$ 8 bilhões e margem de Ebitda de 18%.

Na carne bovina, há um momento de baixa nos EUA, mas o ciclo bovino na Austrália está em momento positivo. Além disso, há uma natural correlação negativa entre as carnes bovina e de frango. “Há uma demanda global por carne de frango muito forte, apesar do ciclo de baixa nos EUA”, comparou.

Na Cocal, especializada em álcool e açúcar, a possibilidade de converter boa parte da produção para aproveitar o melhor momento das commodities é uma garantia de segurança, disse Ailton Santos, diretor administrativo e financeiro da empresa com unidades no interior de São Paulo. Há ainda um investimento consolidado no ativo terras e o grupo também já é bem forte também na distribuição de veículos.

Mas diversificação também está relacionada ao custos com combustíveis. Cerca de 7% da frota da companhia funcionará este ano com biometano de produção própria. Quase um terço os caminhões que transportam o açúcar produzido para o porto já utilizam o combustível, algo que tem reduzido sensivelmente os custos.

Sobre a transparência necessária para quem vai investir no setor, Flavio Mata, CEO e fundador da Agriconnection, recomenda conhecer a fundo os produtores, para separa quem está fazendo um bom trabalho dos aventureiros. “Quer conhecer o leão, é na selva e não no zoológico”, brincou o executivo da companhia, que surgiu exatamente para conectar os elos da cadeia, como produtor, vendedor, cooperativas e mercado financeiro. “No ciclo que está se encerrando [e que concentrou as RJs], o crédito foi concedido pelo patrimônio e, agora, é pela geração efetiva de caixa”, comparou.




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