 O ex-jogador Gerard Piqué, investigado pelo suposto esquema irregular na transferência da Supercopa da Espanha para a Arábia Saudita, chorou em tribunal espanhol nesta sexta-feira (14) ao dizer que o caso tem afetado sua reputação e vida pessoal. Durante sua fala final no depoimento, o ex-zagueiro do Barcelona disse à juíza que está sofrendo muito com a investigação, que apura possíveis ilegalidades em contratos entre a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a empresa saudita Sela Sports. “Em qualquer outro país me fariam uma estátua”, disse Piqué ao tribunal. Piqué foi chamado a depor como investigado e defendeu a legitimidade do acordo intermediado por sua empresa, a Kosmos, que recebeu uma comissão de € 4 milhões anuais (cerca de R$ 22 milhões) pela negociação — um total de € 24 milhões (R$ 132 milhões) pelos seis anos inicialmente previstos no contrato. O que é o ‘Caso Supercopa’ e por que Piqué está sendo investigado?A polêmica envolve um contrato assinado em 2019 entre a RFEF, a empresa saudita Sela Sports e a Kosmos, de Piqué. O acordo levou a Supercopa da Espanha para a Arábia Saudita, em troca de um pagamento total de € 264 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) para a federação espanhola. A investigação conduzida pela Guarda Civil da Espanha aponta que Piqué não apenas intermediou o negócio, mas que a RFEF teria incluído uma cláusula no contrato garantindo o pagamento de sua comissão. Essa cláusula previa que, caso a Sela não pagasse a Kosmos, a federação teria o direito de romper o contrato. A suspeita levantada pela Unidade Central Operativa (UCO) da Guarda Civil é de que a intermediação de Piqué pode ter sido feita em benefício da RFEF, e não da empresa saudita, o que poderia configurar tráfico de influência e corrupção no esporte. O que Piqué disse à Justiça?Em sua defesa, Piqué negou qualquer ilegalidade e sustentou que o pagamento da Kosmos seguiu padrões normais de mercado, afirmando que “sem sua empresa, o acordo jamais teria sido fechado”. O ex-jogador, que se aposentou do futebol profissional em 2022, declarou que nunca foi alertado sobre um possível conflito de interesses por atuar como jogador do Barcelona (clube que disputava a Supercopa) enquanto negociava diretamente com a federação. Ele também afirmou que a Supercopa era um torneio “abandonado”, sem grande apelo na Espanha, e que levar os jogos para a Arábia era uma oportunidade vantajosa para todas as partes. Piqué pode ser condenado?O “Caso Supercopa” faz parte de uma investigação maior chamada Operação Brodie, que apura uma suposta rede de corrupção na Federação Espanhola de Futebol, liderada pelo ex-presidente Luis Rubiales. A Justiça espanhola já solicitou informações sobre possíveis contas bancárias de Piqué na Arábia Saudita e de outras 10 pessoas envolvidas na negociação, para verificar se houve pagamentos ilícitos ou lavagem de dinheiro. (com informações de El País e El Mundo)
|