![]() O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu recuar parcialmente de seu plano de tarifas “recíprocas” horas após a entrada em vigor, devido a intensa pressão de empresários, parlamentares e governos estrangeiros, além da forte reação negativa dos mercados financeiros, segundo reportagem do Wall Street Journal publicada na noite de quarta-feira (9). A reversão, anunciada via rede social por Trump na tarde de quarta, inclui uma pausa de 90 dias na aplicação de parte das tarifas, ao mesmo tempo em que mantém a sobretaxa global de 10%, que se aplica ao Brasil, e aumenta para 125% a taxa sobre produtos chineses. A decisão foi tomada no Salão Oval, em reunião com o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick. De acordo com o WSJ, Bessent foi uma peça-chave para convencer Trump a adotar uma abordagem mais negociadora. O secretário passou o fim de semana recebendo ligações de Wall Street e voou à Flórida no domingo para discutir alternativas com o presidente. No retorno a Washington, a bordo do Air Force One, Bessent teria reforçado a necessidade de evitar um choque recessivo e priorizar acordos. Trump reconheceu que vinha refletindo sobre a medida “nos últimos dias” e afirmou que a decisão se concretizou “ainda na manhã de quarta-feira”. O presidente disse não ter consultado advogados e escreveu a mensagem de anúncio “com o coração”, ao lado de Bessent e Lutnick. “Não queremos prejudicar países que não precisam ser prejudicados”, disse. A reportagem do WSJ relata ainda que mais de 75 países manifestaram interesse em negociar a flexibilização das tarifas, com o Japão liderando a fila. Outro fator decisivo para a mudança de postura de Trump foi a fala do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, que em entrevista à Fox Business afirmou que a nova política tarifária poderia levar à recessão. O presidente, segundo o jornal, assistiu à entrevista e foi influenciado pelas declarações. Apesar do anúncio repentino, integrantes do governo já vinham discutindo alternativas e negociando nos bastidores, diz o WSJ. No mesmo momento em que Trump publicava o comunicado, o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, estava no Congresso prestando depoimento sobre o tema — e foi informado da mudança apenas durante a sessão. A postura errática do presidente gerou críticas entre parlamentares. O deputado democrata Steven Horsford classificou a situação como “amadorismo”. Ainda assim, a reversão foi bem recebida pelos mercados, que reagiram positivamente logo após o anúncio. Nesta quinta-feira (10), os índices futuros dos EUA operam em forte queda, após sessão que registrou um dos maiores ganhos dos últimos anos na vésper, em reação ao recuo de Trump. |
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