A carne contribuiu em novembro para uma alta acima do consenso do mercado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, apesar de o indicador ter mostrado desaceleração ante outubro – a taxa mensal recuou de 0,56% em outubro para 0,39% no mês passado. Segundo os dados IBGE, a leitura do último mês do IPCA foi influenciada, além dos grupos de Transportes (0,89%) e de Despesas pessoais, exatamente pela alta em Alimentação e bebidas (1,55%), após aumento de 8,02% nos preços das carnes. E a culpa dentro desse segmento dos alimentos não foi da “inflação da picanha”, pois cortes menos nobres, como patinho e acém, lideraram as altas. Por conta de promessas de campanha em 2022, de que o preço da picanha ia cair num eventual novo mandato presidencial, esse corte virou uma peça política tanto para apoiadores como para adversários, com as opiniões acompanhando a volatilidade dos preços. Entre as altas mais relevantes anotadas no IPCA de novembro, no entanto, destacam-se os cortes bovinos como patinho (+8,39%), acém (+8,87%), peito (13,14%), lagarto (8,75%), e alcatra (9,31%). Apenas o fígado bovino viu seu preço cair em 12 meses. Já a picanha mostrou alta de 3,06% no mês, chegando a +7,80% em 12 meses. Veja abaixo a tabela com as variações de preço coletadas pelo IBGE no IPCA de novembro:
A variação das carnes tem obedecido um processo natural do ciclo do setor. “A menor oferta de animais para abate e o maior volume de exportações reduziram a oferta do produto”, disse o gerente do IPCA e INPC, André Almeida, sobre o crescimento nos preços das carnes. Ontem (10) a diretoria da empresa de nutrição animal dsm-firmenich explicou que o consumo interno de carne se aqueceu no 2º semestre de 2024 ao mesmo tempo em que os produtores elevavam as exportações, num ambiente de real desvalorizado em relação ao dólar. A oferta interna de carne caiu e, com as escalas de abate mais apertadas, os preços iniciaram uma trajetória de alta, chegando R$ 353 a arroba – saindo de R$ 196 em setembro de 2023. |
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