![]() Os mercados doméstico e global continuam reagindo nesta quinta-feira (2) às tarifas comerciais anunciadas por Donald Trump na véspera. O pacote de sobretaxas, batizado de “Dia da Libertação”, causou forte volatilidade nos ativos financeiros e segue alimentando incertezas sobre o comércio internacional. No Brasil, investidores avaliam as oportunidades decorrentes da reconfiguração das cadeias de suprimento, especialmente no setor agroexportador, que pode se beneficiar com o aumento da demanda chinesa por produtos brasileiros. Nos Estados Unidos, empresas tentam se adaptar às novas regras e identificar alternativas para manter a competitividade diante das barreiras impostas. Na agenda econômica do Brasil, os destaques desta quinta-feira incluem, às 8h, o antecedente de emprego de março, e, às 10h, o PMI de serviços referente ao mesmo mês. Nos Estados Unidos, às 9h30, serão divulgados os dados semanais de auxílio-desemprego, a balança comercial de fevereiro e as exportações de grãos. Às 10h45, será a vez do PMI de serviços de março, seguido pelo ISM de serviços, às 11h. O que vai mexer com o mercado nesta quintaAgendaO presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem dois compromissos nesta quinta-feira. Pela manhã, às 9h, participa de uma audiência por videoconferência com representantes do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para tratar de assuntos institucionais. À tarde, às 16h, reúne-se com o embaixador interino dos EUA, Gabriel Escobar, e outros representantes da diplomacia americana no Brasil. Ambos os encontros serão fechados à imprensa. O presidente Lula reúne-se às 9h com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. Às 10h, participa do evento “Brasil dando a volta por cima”, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. À tarde, às 14h40, recebe o secretário especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério de Souza, seguido, às 15h, por uma reunião com a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo. Encerrando o dia, às 16h, Lula se reúne com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação). Às 13h30, o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, discursa em uma conferência. Mais tarde, às 15h30, a governadora do Fed, Lisa Cook, fala na Universidade de Pittsburgh. Brasil8h Antecedente de emprego (março) 10h – PMI de serviços (março) Estados Unidos9h30 – Auxílio-desemprego (semanal) 9h30 – Balança comercial (fevereiro) 9h30 – Exportação de grãos (semanal) 10h45 – PMI de serviços (março) 11h – ISM de serviços (março) Zona do Euro5h – PMI de serviços (março) 6h – Preços ao produtor (fevereiro) InternacionalTarifas para valerO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o pacote de tarifas comerciais “Dia da Libertação”, que impõe sobretaxas recíprocas a países com barreiras consideradas desproporcionais. As tarifas variam por país, chegando a 49% no caso do Camboja. O Brasil, Singapura e Reino Unido receberam as menores taxas, de 10%. Segundo o Bradesco, essa medida pode gerar um impacto econômico de US$ 2 bilhões nas exportações brasileiras. Trump afirmou que o pacote representa o “renascimento” da indústria americana, alegando que os contribuintes foram prejudicados por décadas. A partir de quinta-feira (3), carros e autopeças importados também serão taxados em 25%. Sem retaliaçãoA presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que não haverá tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos, mesmo diante do anúncio de medidas recíprocas por Trump na quarta-feira (2). Durante coletiva, Sheinbaum disse que conversou com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, sobre a importância de preservar as relações comerciais e fortalecer o “acordo benéfico” entre os países. Em breveA secretária do Departamento de Agricultura dos EUA (Usda), Brooke Rollins, disse que visitará o Brasil nos próximos meses para renegociar termos do comércio agrícola e buscar maior equilíbrio nas relações bilaterais. A iniciativa faz parte da estratégia do governo Trump de ampliar o acesso global aos produtos agropecuários americanos. Segundo um ofício da embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti, o déficit comercial agrícola dos EUA com o Brasil é de US$ 7 bilhões. Rollins também visitará outros países, como Índia, Japão e Peru, em busca de novos mercados para os produtores americanos. EconomiaInflaçãoA inflação tornou-se uma das principais preocupações dos brasileiros no início deste ano, com 89% da população percebendo alta nos preços, o maior percentual dos últimos dois anos. A pesquisa Radar Febraban, realizada em março com 2 mil entrevistados, aponta que alimentos e produtos domésticos seguem como os itens mais impactados (74%), seguidos por combustíveis (31%) e medicamentos (30%). Apesar da pressão inflacionária, 80% dos brasileiros afirmam que sua vida pessoal e familiar se manteve estável ou melhorou no primeiro trimestre do ano. Imposto de RendaA proposta de aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), em discussão no Congresso Nacional, gera ceticismo entre os brasileiros. Segundo pesquisa Genial/Quaest, 51% acreditam que a medida trará apenas uma melhora pequena nas finanças pessoais, enquanto 33% avaliam que o impacto será maior. Além disso, 59% dos entrevistados apoiam a criação de uma alíquota mínima para contribuintes de maior renda. O levantamento, realizado entre 27 e 31 de março de 2025, entrevistou 2.004 pessoas e tem margem de erro de 2 pontos percentuais. Fluxo cambialO fluxo cambial no Brasil registrou saldo negativo de US$ 8,85 bilhões em março até o dia 28, segundo dados preliminares do Banco Central. A principal pressão veio do canal financeiro, com saídas líquidas de US$ 12,53 bilhões, que incluem investimentos estrangeiros diretos e em carteira, remessas de lucros e pagamento de juros. Já o canal comercial apresentou saldo positivo de US$ 3,68 bilhões no mesmo período. No acumulado do ano, o fluxo cambial total é negativo em US$ 16,4 bilhões. PolíticaVirar o jogoA desaprovação do governo Lula subiu de 49% para 56% entre janeiro e março, segundo a Genial/Quaest. O presidente do PT, Humberto Costa, reconheceu o cenário negativo, mas disse que para mudar o jogo aposta na recuperação com medidas como isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e o fim da jornada 6×1. A troca de comando na Secom busca corrigir falhas na comunicação. Já a oposição atribui o aumento da rejeição a erros na política econômica, como inflação elevada, perda de poder de compra e alta dos juros, que afetam a popularidade do governo. Em busca de popularidadeO governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) promove, nesta quinta-feira (3), um evento para apresentar um balanço das ações desde o início do mandato. Idealizado pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Sidônio Palmeira, o encontro busca reforçar a narrativa de recuperação do país após a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Há quase três meses no cargo, Palmeira tem a missão de melhorar a aprovação de Lula. PL da ReciprocidadeO deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) será o relator na Câmara do PL da Reciprocidade, que permite retaliações comerciais contra medidas protecionistas estrangeiras. Aprovado no Senado, o projeto visa responder a um possível “tarifaço” de Trump contra produtos brasileiros. Com a OMC paralisada, o Brasil busca formas de reagir diretamente. RelatorArthur Lira (PP-AL) deve ser relator do projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais. A proposta, enviada pelo governo Lula, busca fontes de compensação, como a tributação de lucros e dividendos enviados ao exterior. EsclarecimentoO ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou que a PGR se manifeste sobre um pedido de prisão preventiva de Jair Bolsonaro, feito pela vereadora Liana Cirne (PT-PE) e seu assessor, com base em acusações de incitação a crimes contra as instituições democráticas. A PGR tem cinco dias para decidir se apresenta denúncia ou arquiva o pedido. PrisãoO ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu a possibilidade de ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista, afirmou viver sob constante ameaça jurídica e classificou o cenário como “insegurança jurídica”. Bolsonaro afirmou já ter alertado sua equipe sobre os riscos jurídicos que enfrenta e disse estar preparado para possíveis desdobramentos. IndiciamentoA Polícia Federal indiciou Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por violação de sigilo funcional com dano à administração pública. A investigação aponta que Tagliaferro vazou diálogos de Moraes para um jornalista, com o objetivo de arranhar a imagem do ministro e questionar sua imparcialidade. O inquérito, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), será analisado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá sobre o oferecimento de denúncia. (Com Reuters, Bloomberg e Estadão) |
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