 LONDRES (Reuters) – O reconhecimento de um Estado palestino pelas principais nações ocidentais vai desencadear um movimento em direção a uma solução de dois Estados, disse o chefe da missão palestina em Londres nesta terça-feira. O Reino Unido, a França, o Canadá, a Austrália e a Bélgica disseram que vão reconhecer um Estado palestino na Assembleia Geral das Nações Unidas no final deste mês, embora Londres possa interromper o processo caso Israel alivie a crise humanitária em Gaza, devastada pela guerra, e se comprometa com um processo de paz de longo prazo. As medidas foram criadas para pressionar Israel a acabar com seu ataque a Gaza e reduzir a construção de novos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, mas alguns questionam se o reconhecimento seria meramente simbólico. “Acho que será o tiro de largada para o que esperamos ser uma corrida, nem mesmo uma marcha, rumo à implementação da solução de dois Estados, e esperamos um papel ativo, eficaz e significativo do Reino Unido,” disse Husam Zomlot, chefe da Missão Palestina em Londres, à Reuters. Israel, que enfrenta um clamor global por sua conduta na guerra de Gaza, reagiu com irritação aos gestos de reconhecimento, dizendo que eles vão recompensar o Hamas. Atiradores do grupo militante palestino atacaram comunidades do sul de Israel perto da fronteira em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, principalmente civis, e levando 251 reféns para Gaza, de acordo com dados israelenses. A tese dos dois Estados prevê que os dois lados coexistam em paz um ao lado do outro. O Estado palestino seria fixado no território que Israel capturou na guerra de 1967, com a Faixa de Gaza e a Cisjordânia ligadas por um corredor através de Israel. Mas a proposta tornou-se menos viável com o passar do tempo. Israel acelerou a construção de assentamentos judaicos no território ocupado, enquanto os dois lados mantêm posições intransigentes em questões centrais, incluindo fronteiras, o destino dos refugiados palestinos e o status de Jerusalém. Para Zomlot, a ação do Reino Unido foi significativa devido ao seu papel no endosso a um “lar nacional para o povo judeu na Palestina” em 1917. Segundo ele, não é tarde demais para se chegar a uma solução de dois Estados. O enviado palestino espera que o impulso que está sendo criado na ONU leve Israel a desmantelar seus assentamentos. “Uma vez que criemos pressão suficiente — pressão significativa — eu lhe asseguro que é absolutamente possível”, disse. A mais alta corte das Nações Unidas afirmou em 2024 que a ocupação de territórios palestinos por Israel e seus assentamentos são ilegais e devem ser retirados o mais rápido possível. O governo de direita de Israel exclui a possibilidade de um Estado palestino e diz que os territórios para onde os assentamentos se expandiram não estão ocupados em termos legais porque estão em terras disputadas. Ele cita laços bíblicos e históricos com essas terras. (Reportagem de Kate Holton; reportagem adicional de Muvija M)
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