![]() As políticas restritivas de imigração adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, representam um risco significativo para o crescimento econômico do país, alerta Paulo Leme, chairman do Comitê Global de Alocação de Ativos da XP Advisor e professor residente da Universidade de Miami. Em entrevista ao InfoMoney, ele destacou que impacto negativo, destas iniciativas, já é visível em setores-chave da economia americana.
Ele também cita os efeitos sentidos no comércio varejista, como nas redes Costco e WalMart, antes cheias e agora esvaziadas pela falta de trabalhadores e consumidores. “Isso já está começando a impactar diretamente a economia real”, pontua. Imigração organizada como soluçãoPara o especialista, é urgente a criação de um sistema organizado e disciplinado para gerenciar o fluxo de imigrantes. “Não interessa a ninguém um processo caótico e desumano”, ressalta Leme. Ele defende a imigração organizada como essencial para manter a produtividade e o crescimento econômico, principalmente diante do envelhecimento populacional nos EUA.
Ele destaca estudos da Comissão Orçamentária do Congresso americano que apontam a contribuição da imigração entre 0,5 e 0,75 ponto percentual ao crescimento econômico do país nas últimas duas décadas. O custo econômico do fechamento de fronteirasLeme também alerta sobre o impacto combinado das restrições migratórias e comerciais.
Além disso, Leme ressalta que os imigrantes são fundamentais para o equilíbrio fiscal americano, já que contribuem ativamente para o Social Security e impostos, ajudando a sustentar a economia doméstica e os benefícios sociais dos cidadãos nativos. Política fiscal de Trump aumenta riscos econômicosPaulo Leme afirma que a situação fiscal americana é crítica, com um déficit recorde de mais de US$ 1 trilhão entre outubro e fevereiro deste ano fiscal, e em crescimento contínuo. Para ele, os cortes de impostos propostos pelo governo Trump são preocupantes e desajustados à realidade fiscal do país.
Leme afirma que os cortes propostos “simplesmente não fecham a conta”. Cortes irrelevantes e risco de desorganizaçãoLeme critica a abordagem fiscal superficial do governo Trump, ilustrada por pequenos cortes burocráticos, que classificou como “irrelevantes”. Segundo ele, medidas isoladas, como fechar pequenos departamentos, economizam valores insignificantes diante da magnitude do problema fiscal dos EUA.
Ele acrescenta ainda que “sem aumento real de arrecadação, a economia americana caminha para um grave problema fiscal”. Falta de planejamento econômico claroCom vasta experiência no FMI, Paulo Leme critica a ausência de um plano fiscal claro e estruturado por parte do governo Trump.
Segundo Leme, a estratégia inicial do governo Trump deveria ter sido focar nos estímulos fiscais, que poderiam ter dado confiança aos empresários e incentivado investimentos. Ao invés disso, a administração priorizou conflitos comerciais com Canadá e México, agravando a incerteza econômica e gerando volatilidade nos mercados. Cenário de alta incerteza nos EUAPor fim, Leme destaca que o atual cenário econômico americano é marcado por um alto grau de incerteza.
“A imprevisibilidade das políticas de Trump deixou investidores, analistas e até mesmo o Federal Reserve em compasso de espera. O risco agora é repetir a situação dos anos 70, com estagnação econômica, inflação elevada e cortes de juros em um cenário muito desfavorável“, conclui Paulo Leme. |
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