 A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aumentar o envio de armas para a Ucrânia é um sinal para Kiev abandonar os esforços de paz, disse a Rússia nesta quinta-feira, prometendo que não aceitará a “chantagem” do novo ultimato de sanções de Washington. Trump anunciou uma posição mais dura sobre a guerra da Rússia na Ucrânia na segunda-feira, estabelecendo um prazo de 50 dias para que Moscou chegue a um cessar-fogo ou enfrentará sanções. Os EUA também prometeram mais mísseis e outros armamentos para Kiev. Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, condenou a medida. “É óbvio que o regime de Kiev percebe consistentemente essas decisões do Ocidente coletivo como um sinal para continuar o massacre e abandonar o processo de paz”, disse Zakharova em uma coletiva de imprensa em Moscou. A guerra total da Rússia contra a Ucrânia em fevereiro de 2022 levou ao conflito mais sangrento da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com os Estados Unidos estimando que 1,2 milhão de pessoas foram feridas ou mortas. Moscou diz que foi forçada a iniciar a guerra para se proteger de uma Otan em expansão. A Ucrânia e a maioria dos governos ocidentais consideram a guerra da Rússia uma apropriação de terras no estilo colonial. As forças russas agora controlam cerca de um quinto do território ucraniano e estão avançando lenta mas firmemente em uma vasta linha de frente, sofrendo o que os EUA acreditam ser grandes perdas ao longo do caminho. Trump, que fez do fim do conflito uma prioridade de seu governo, está ameaçando “tarifas de 100% sobre a Rússia” e sanções secundárias sobre os países que compram petróleo russo se Moscou não concordar com um acordo de cessar-fogo até o prazo de 50 dias. “Um número sem precedentes de sanções e restrições foi imposto ao nosso país e aos nossos parceiros internacionais. São tantas que consideramos a ameaça de novas sanções como algo corriqueiro”, disse Zakharova. “A linguagem de ultimatos, chantagens e ameaças é inaceitável para nós. Tomaremos todas as medidas necessárias para garantir a segurança e proteger os interesses de nosso país.” O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e Trump têm alertado repetidamente sobre os riscos de escalada do conflito, que eles classificam como uma guerra por procuração entre as duas maiores potências nucleares do mundo. Os esforços dos EUA para intermediar negociações de paz entre Kiev e Moscou, no entanto, têm enfrentado repetidos reveses. A Rússia diz que está pronta para manter novas conversas, mas deixou claro que quer todo o território de quatro regiões ucranianas que reivindica como suas — termos que a Ucrânia afirma serem inaceitáveis e que equivaleriam a uma capitulação. Moscou também está interessada em retomar seu relacionamento bilateral desgastado com os EUA, se possível, embora os últimos movimentos de Trump em relação a Kiev tenham azedado o clima.
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