Após a vitória de Donald Trump no final do ano passado, a perspectiva para o mercado de ações dos Estados Unidos era amplamente positiva, com analistas projetando alta do índice S&P 500 em 2025. No entanto, o início deste ano não correspondeu a esse otimismo.

O principal índice de ações norte-americano já acumula uma queda de 4% em 2025, refletindo a cautela dos investidores diante das políticas do presidente republicano, especialmente em relação ao comércio exterior. Um levantamento do Bank of America revelou que a alocação de Wall Street em ações nos EUA está no nível mais baixo desde junho de 2023.

A expectativa para o Ibovespa em 2025 era mais pessimista no final de 2024, principalmente devido à valorização do dólar e a questões econômicas internas – que ainda perduram. No entanto, o índice começou o ano em alta e já acumula valorização de 10%.

Com esse cenário, surge a dúvida: ainda vale a pena investir no S&P 500 ou é mais vantajoso apostar no Ibovespa, que subiu 10% este ano, ou no CDI, que acompanha a elevada taxa básica de juros do Brasil, que alcançou os 14,25% na semana passada?

S&P 500, Ibovespa ou CDI – qual rende mais?

O S&P 500 sai na frente. Uma simulação feita por Luciana Maia Campos Machado, superintendente acadêmica da FIPECAFI e professora de finanças, mostra que o índice gringo superou o Ibovespa em prazos de 5, 10, 15 e 20 anos – já considerando o desconto do Imposto de Renda (IR) e a variação cambial. Em todos os cenários, o CDI também ficou atrás do índice norte-americano.

No curto prazo, a diferença já é expressiva. Quem investiu R$ 10 mil no S&P 500 há cinco anos teria hoje R$ 22.286,31 líquidos, segundo o levantamento. No mesmo período, o valor aplicado no Ibovespa seria de R$ 14.757,89, e no CDI, R$ 14.548,61.

No horizonte de 15 anos, a vantagem do S&P 500 se amplia ainda mais. Os mesmos R$ 10 mil investidos no índice americano teriam se transformado em R$ 137.239,08. No Ibovespa, o montante seria de R$ 17.307,88, enquanto no CDI alcançaria R$ 34.449,62

“O S&P 500 tende a ser mais estável porque reflete uma economia mais robusta, com instituições sólidas e um histórico de crescimento consistente. Apesar das oscilações causadas por crises globais ou políticas monetárias dos EUA, o índice apresenta uma trajetória de valorização mais previsível no longo prazo”, diz Luciana.

O Ibovespa, por outro lado, é mais concentrado, com uma participação expressiva de setores como energia, commodities e finanças, que faz o índice ser mais suscetível a oscilações nos preços dessas commodities e mudanças em políticas públicas, segundo Braian Largura, sócio do escritório VNT Investimentos. “Essa concentração de risco em poucos setores torna o Ibovespa mais volátil e propenso a movimentos bruscos, especialmente em momentos de pressão externa, como flutuações nos preços internacionais de petróleo”.

Veja tabela:

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Então é melhor investir tudo no S&P 500?

Não. Segundo especialistas, a diversificação é a chave na hora do investimento. A regra básica é nunca colocar todos os ovos na mesma cesta, e sempre considerar os pontos positivos e negativos de cada um dos índices.

“Investir no exterior, especialmente nos EUA, é uma excelente forma de diversificar e proteger a carteira, mas exige cuidados específicos. Como o investimento será em dólares, flutuações na taxa de câmbio entre o real e o dólar podem afetar os retornos. Caso o real se desvalorize, o investidor pode ter uma proteção natural contra a perda de poder de compra”, diz Largura, da VNT.


Luciana menciona que, apesar das vantagens do S&P 500, o Ibovespa pode apresentar oportunidades caso a economia brasileira entre em um ciclo de crescimento com inflação controlada e juros mais baixos. “Empresas exportadoras, ligadas a commodities, podem se beneficiar da demanda global, e setores internos podem crescer caso o crédito se torne mais acessível”, diz.

Quais as projeções para S&P 500 e Ibovespa?

Estimativa da Bloomberg sugere que o S&P 500 alcance 6.500 pontos até o fim de 2025, frente aos 5.667 registrados nesta segunda-feira (24). No caso do Ibovespa, as projeções variam de 135 mil pontos a 154 mil – hoje, o índice está na casa dos 132.292 pontos.