SÃO PAULO (Reuters) – O empresário Saul Klein, filho do fundador da rede de varejo Casas Bahia, foi condenado pela Justiça do Trabalho de São Paulo a pagar 30 milhões de reais por aliciamento e exploração sexual, com as vítimas submetidas à condição análoga à escravidão, disse o Ministério Público do Trabalho nesta sexta-feira. A Reuters não conseguiu até o momento contato com a defesa de Klein nesse caso. A decisão, emitida pela 4ª Vara do Trabalho de Barueri (SP), é a segunda maior condenação por dano moral coletivo pela prática de trabalho escravo e a maior por tráfico de pessoas em todo o país, afirmou o MPT. O caso corre em segredo de Justiça para preservar a identidade das vítimas, de acordo com o MPT, que não informou o número de vítimas. Saul, um dos filhos de Samuel Klein, que fundou a rede de eletrodomésticos, teve pedido de condenação feito pelo MPT, que investigou o caso. De acordo com o órgão da Justiça do trabalho, o empresário cooptava adolescentes e jovens de entre 16 e 21 anos, em situação de vulnerabilidade social e econômica, com a falsa promessa de que iriam trabalhar como modelos. Após o aliciamento, de acordo com o MPT, as mulheres e as adolescentes eram inseridas em um esquema de exploração no sítio do empresário, sendo obrigadas a manter relações sexuais com o ele durante dias. O órgão disse que essas relações ocorriam sob forte violência psicológica e vigilância armada. Masterclass As Ações mais Promissoras da Bolsa Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita “Na sentença, o Judiciário reconheceu que foi comprovado, para fins trabalhistas, que o réu mantinha diversas mulheres em condição análoga à de escrava, contratadas para trabalhos sexuais em seu favor”, disse o MPT. A Casas Bahia atualmente faz parte do grupo varejista Via. A Via informou que Saul Klein não tem nenhuma relação com a companhia, e que a “Via tem capital societário totalmente diluído, sem um controlador”. Pela decisão, Saul Klein ainda pode pagar multa de 100 mil reais por obrigação descumprida, a cada descumprimento, afirmou o MPT. A denúncia dos casos de exploração sexual surgiu por meio da organização não governamental Justiceiras e de notícias na mídia, segundo o MPT. Em sua página no Instagram, o órgão comemorou a decisão: “Parabéns ao Ministério Público do Trabalho pela competência e respeito aos direitos das mulheres”, disse. A indenização de 30 milhões de reais será revertida para três instituições sem fins lucrativos, de acordo com o MPT, sem identificá-las. A Justiça também determinou a expedição de ofícios para o Conselho Regional de Medicina de São Paulo e para Ministério Público Estadual para apuração se médicos que realizaram os atendimentos às vítimas no sítio do réu cometeram infração ética ou legal e se houve infração à legislação de saúde pública, de acordo com o MPT. (Por André Romani)
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