O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), negou nesta sexta-feira (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tratou sobre sucessão na Vale (VALE3) e disse que o presidente “nunca” se disporia a interferir em uma empresa com capital aberto em bolsa. As declarações do ministro, feitas a jornalistas em Brasília, ocorrem após diversos veículos de imprensa terem publicado que Lula buscava colocar Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), no comando da mineradora — ou ao menos uma vaga no conselho de administração. Silveira não citou o nome do ex-ministro. Apesar de negar a interferência do governo, na quarta-feira (24) o ministro de Minas e Energia telefonou para conselheiros da empresa para defender a escolha de Mantega. Na quinta-feira (25), tanto Lula quanto a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fizeram duras críticas à Vale (veja mais abaixo). O ex-ministro queria não apenas uma vaga no conselho, mas se tornar o CEO da mineradora. Diante da reação negativa ao seu nome, Mantega deve divulgar uma carta afirmando que abre mão de ocupar um cargo na Vale, segundo o jornal Folha de S.Paulo. As ações da mineradora sobem após a notícia. Pressão do governo Ontem, no dia em que se completaram 5 anos da tragédia em Brumadinho (MG), Lula afirmou que a mineradora “nada fez para reparar destruição” causada pelo rompimento da mina Córrego do Feijão, que deixou 270 mortos e 3 corpos ainda desaparecidos. Já Gleisi afirmou que “pouquíssimos brasileiros são tão qualificados quanto Guido Mantega para compor o conselho da Vale”. A presidente do PT disse ainda que a companhia é “estratégica para o país” e que o governo “tem participação e responsabilidades” nela, “mesmo depois de sua privatização danosa ao patrimônio público”. Ela disse também que o ex-ministro é “um dos brasileiros mais injustiçados de nossa época” e também qualificado “para esta ou qualquer outra missão importante”. Brumadinho e Mariana O presidente citou não só a tragédia em Brumadinho, mas também o desastre ambiental em Mariana (MG). “É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”. O desastre em Mariana ocorreu em novembro de 2015, com o rompimento da barragem de Fundão. Ele também envolve a Vale, pois a Samarco era uma joint venture da mineradora brasileira com a anglo-australiana BHP Billiton. O rompimento matou 19 pessoas, destruiu os distritos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, deixou milhares de pessoas desalojadas e causou um impacto ambiental jamais visto no país. O mar de lama atingiu 39 municípios nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e depositou rejeitos de minério por 650 km de rios importantes da região, até a foz do Rio Doce no Oceano Atlântico. Também ontem, a Justiça Federal mineira condenou a Samarco, a Vale e a BHP a pagar R$ 47,6 bilhões em indenização pelo episódio. (Com Reuters) |
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