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Judiciário

Sem citar Mantega, ministro nega que Lula tenha tratado de sucessão na Vale

- 26/01/2024 21 Visualizações 21 Pessoas viram 0 Comentários
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), negou nesta sexta-feira (26) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tratou sobre sucessão na Vale (VALE3) e disse que o presidente “nunca” se disporia a interferir em uma empresa com capital aberto em bolsa.

As declarações do ministro, feitas a jornalistas em Brasília, ocorrem após diversos veículos de imprensa terem publicado que Lula buscava colocar Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT), no comando da mineradora — ou ao menos uma vaga no conselho de administração.

Silveira não citou o nome do ex-ministro. Apesar de negar a interferência do governo, na quarta-feira (24) o ministro de Minas e Energia telefonou para conselheiros da empresa para defender a escolha de Mantega. Na quinta-feira (25), tanto Lula quanto a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, fizeram duras críticas à Vale (veja mais abaixo).

O ex-ministro queria não apenas uma vaga no conselho, mas se tornar o CEO da mineradora. Diante da reação negativa ao seu nome, Mantega deve divulgar uma carta afirmando que abre mão de ocupar um cargo na Vale, segundo o jornal Folha de S.Paulo. As ações da mineradora sobem após a notícia.

Pressão do governo
A pressão do governo ocorre porque o atual CEO, Eduardo Bartolomeo, tem contrato até 31 de maio. Pelas regras do estatuto da empresa, o executivo deve ser comunicado com quatro meses de antecedência se terá seu mandato renovado ou se o conselho decidiu abrir um processo de contratação de um novo presidente — prazo que se encerra na quarta-feira (31). Por isso, os conselheiros devem se reunir até terça-feira (30) para deliberar sobre a sucessão na mineradora.

Ontem, no dia em que se completaram 5 anos da tragédia em Brumadinho (MG), Lula afirmou que a mineradora “nada fez para reparar destruição” causada pelo rompimento da mina Córrego do Feijão, que deixou 270 mortos e 3 corpos ainda desaparecidos. Já Gleisi afirmou que “pouquíssimos brasileiros são tão qualificados quanto Guido Mantega para compor o conselho da Vale”.

A presidente do PT disse ainda que a companhia é “estratégica para o país” e que o governo “tem participação e responsabilidades” nela, “mesmo depois de sua privatização danosa ao patrimônio público”. Ela disse também que o ex-ministro é “um dos brasileiros mais injustiçados de nossa época” e também qualificado “para esta ou qualquer outra missão importante”.

Brumadinho e Mariana
Apesar da declaração de Lula, a Vale assinou um acordo de reparação em 4 de fevereiro de 2021, com o governo de Minas Gerais, o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público estadual (MPMG) e a Defensoria Pública mineira. Com um valor estimado de R$ 37,7 bilhões, o acordo define as obrigações da mineradora para fazer a reparação socioeconômica e socioambiental da tragédia.

O presidente citou não só a tragédia em Brumadinho, mas também o desastre ambiental em Mariana (MG). “É necessário o amparo às famílias das vítimas, recuperação ambiental e, principalmente, fiscalização e prevenção em projetos de mineração, para não termos novas tragédias como Brumadinho e Mariana”.

O desastre em Mariana ocorreu em novembro de 2015, com o rompimento da barragem de Fundão. Ele também envolve a Vale, pois a Samarco era uma joint venture da mineradora brasileira com a anglo-australiana BHP Billiton. O rompimento matou 19 pessoas, destruiu os distritos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira, deixou milhares de pessoas desalojadas e causou um impacto ambiental jamais visto no país.

O mar de lama atingiu 39 municípios nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e depositou rejeitos de minério por 650 km de rios importantes da região, até a foz do Rio Doce no Oceano Atlântico. Também ontem, a Justiça Federal mineira condenou a Samarco, a Vale e a BHP a pagar R$ 47,6 bilhões em indenização pelo episódio.

(Com Reuters)




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