Os contratos futuros de suco de laranja subiram para a maior cotação em quatro meses em Nova York, diante de crescentes preocupações de que a ameaça do presidente Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros possa reduzir o fornecimento para os EUA.

O contrato mais negociado subiu até 8,7%, chegando a US$ 3,13 por libra, o maior nível intradiário desde 6 de março. Os futuros do suco vêm se valorizando desde a semana passada, quando Trump anunciou tarifas que devem entrar em vigor em agosto e que podem desestabilizar o comércio de commodities que vão do café à carne bovina.

O Brasil é o maior fornecedor de suco de laranja para os EUA, com importações para consumo no ano passado próximas a US$ 1 bilhão, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA. As remessas do México, o segundo maior fornecedor, correspondem a cerca de um terço dos volumes brasileiros.

A ameaça de interrupção no fornecimento ocorre em um momento em que os EUA têm se tornado cada vez mais dependentes das importações brasileiras, devido à queda na produção na Flórida, segundo Craig Elliott, analista de mercado da Expana.

Embora o impacto da tarifa de importação “ainda seja incerto, a quantidade de comércio de suco de laranja potencialmente afetada é significativa,” disse Elliott. Isso “poderia potencialmente enfraquecer ainda mais a competitividade do Brasil em um ambiente de mercado já desafiador.”

O Brasil poderia pedir aos EUA a redução da tarifa de 50% para 30% e discutir possíveis cotas de exportação para café e laranjas, informou a CNN Brasil na segunda-feira. O Brasil é o maior produtor mundial de café arábica, e os futuros do grão premium subiram até 4,4% na segunda-feira, o maior movimento intradiário desde o final de abril.

A imposição das tarifas “impactaria severamente as exportações brasileiras de café para os EUA, elevando os preços nos EUA enquanto deixaria café extra no mercado mundial,” escreveu Mark Bowman, analista da ADM Investor Services, em nota na segunda-feira. As tarifas também aumentariam a demanda pelo café já estocado nos armazéns de bolsas dos EUA, elevando os preços futuros, acrescentou.

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