![]() O jornal norte-americano The New York Times publicou análise nesta sexta-feira (29) destacando que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe após as eleições de 2022 representa um marco para a democracia brasileira, mas também levanta questionamentos sobre os limites do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o NYT, o Brasil pode alcançar algo que os Estados Unidos não conseguiram: levar a julgamento criminal um ex-presidente acusado de tentar se manter no poder mesmo após derrota eleitoral. Para o veículo, o processo é visto por muitos como um triunfo democrático, mas expõe contradições sobre a forma como foi conduzido. A publicação ressalta que, nos últimos seis anos, o STF ampliou suas prerrogativas para enfrentar Bolsonaro e seus ataques às instituições, assumindo a condução de investigações inéditas. Nesse processo, o ministro Alexandre de Moraes foi o principal responsável por determinar buscas, bloqueio de redes sociais, prisões e medidas que garantiram a transição de poder em 2023, mesmo diante da resistência de Bolsonaro em admitir a derrota. Leia mais:
O New York Times pondera, no entanto, que a centralização dessas decisões gera debate sobre possíveis excessos da corte. “Esses erros não apagam nem justificam a tentativa de golpe, mas não devem ser repetidos”, disse o jurista Walter Maierovitch ao jornal. A reportagem também menciona a intervenção do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo o fim das acusações contra Bolsonaro e classificando o processo como uma “caça às bruxas”. Apesar disso, o governo brasileiro e o STF mantiveram respaldo a Moraes, que preside o julgamento e afirma não recuar “nem um milímetro”. Pesquisas citadas pelo NYT indicam divisão da sociedade: 46% dos brasileiros defendem o impeachment de Moraes, enquanto 43% se opõem. Já 52% acreditam que Bolsonaro tentou dar um golpe, contra 36% que discordam. Para analistas ouvidos pelo jornal, a decisão do STF no caso Bolsonaro será decisiva não apenas para o futuro do ex-presidente, mas também para definir até onde vai o papel da corte na proteção da democracia brasileira em um cenário de polarização e desinformação. |
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