Os mercados globais seguem atentos às primeiras ações de Donald Trump como presidente dos EUA, com destaque para suas políticas de imigração, as primeiras regularizações de criptoativos e a questão da cidadania para filhos de imigrantes. As repercussões dessas medidas devem influenciar o cenário econômico internacional nas próximas semanas. Em termos de dados, o dia contará com a divulgação de indicadores como o Índice do Mercado Hipotecário, às 9h. Às 12h30, o mercado acompanhará o Relatório de Estoques de Petróleo da EIA, e, às 18h30, o relatório semanal de Estoques de Petróleo Bruto do API. No Brasil, após uma agenda esvaziada na véspera, os investidores estarão atentos à divulgação do Índice de Atividade Econômica Regional (IBCR) do Banco Central, previsto para as 14h30, assim como o Fluxo Cambial Estrangeiro, também no mesmo horário. Do lado político, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, participa do programa de rádio ‘Bom dia, ministro’, da EBC, às 8h. O que vai mexer com o mercado nesta quartaAgendaO presidente Lula inicia sua agenda às 9h com uma reunião com o Ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. Às 10h, reúne-se com o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, e o Ministro dos Transportes, Renan Filho. Em seguida, às 11h, participa da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381. À tarde, às 14h40, encontra-se com o Secretário Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério de Souza. Por fim, às 15h, realiza uma reunião com o Ministro da Casa Civil, Rui Costa; a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco; o Secretário Especial do Programa de Aceleração do Crescimento da Casa Civil, Maurício Muniz; e o Presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho. Brasil14h30 – IBCR: Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (novembro) 14h30 – Fluxo Cambial Estrangeiro EUA09h – Índice do Mercado Hipotecário (semanal) 12h30 – Relatório de Estoques de Petróleo da EIA (semanal) 18h30 – Estoques de Petróleo Bruto API (semanal) Zona do Euro7h – Índice ZEW de Percepção Econômica (Janeiro) 12h15 – Christine Lagarde, presidente do BCE, participa de conversa em Davos InternacionalAções de TrumpGolfo do México Trump assinou uma ordem executiva para renomear o Golfo do México como “Golfo da América”. Ele argumenta que a região é vital para a indústria marítima e o comércio dos EUA. A mudança terá impacto limitado, afetando principalmente mapas e documentos governamentais. A proposta já havia gerado críticas da presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, que reforçou o reconhecimento internacional do nome “Golfo do México”. A região, com 1,6 milhão de km², é estratégica para petróleo offshore e banha os EUA, México e Cuba. Invasores do Capitólio Os invasores do Capitólio dos Estados Unidos começaram a sair da prisão após Donald Trump conceder perdão a 1.500 apoiadores no dia de sua posse. Entre os beneficiados estão líderes dos Proud Boys e Oath Keepers, condenados por conspiração sediciosa. A medida gerou indignação entre parlamentares democratas, como Chuck Schumer, que criticou Trump por normalizar ataques à democracia. O ataque de 6 de janeiro de 2021 resultou em quatro mortes e 140 policiais agredidos. Além do perdão, Trump assinou ordens executivas polêmicas, incluindo a saída dos EUA da OMS e cortes no apoio a energias limpas. Cidadania Uma coalizão de 18 Estados e outras entidades entrou com uma ação no tribunal federal de Boston alegando que a medida de Trump que retira a cidadania por direito de nascença nos EUA viola a Constituição do País. O decreto orienta que as crianças nascidas nos EUA de pais não cidadãos ou com status temporário não seriam reconhecidas como cidadãs. A ação cita uma decisão da Suprema Corte de 1898 que garante a cidadania a filhos de imigrantes. Além disso, outras ações judiciais contestam decretos sobre a repressão imigratória e a criação do Departamento de Eficiência do Governo, liderado por Elon Musk. Dias contados Em coletiva de imprensa no Salão Oval, Trump assinou uma ordem executiva concedendo ao TikTok 75 dias adicionais antes de sua possível proibição no país. Trump sugeriu que o aplicativo aceitasse uma oferta de compra de 50% do controle, afirmando que o TikTok “não vale nada se ele não aprovar”. Além disso, o presidente criou o Departamento de Eficiência do Governo (Doge), declarou emergência energética, conforme prometido, e assinou uma ordem retirando os EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS). Temor mexicanoO governo mexicano prepara-se para os impactos das políticas anti-imigração de Donald Trump, que declarou emergência nacional na fronteira. O temor é que deportações em massa desencadeiem crises econômicas, inflação e cortes nas remessas, que somaram US$ 5,4 bilhões em 2024, segundo La Crónica de Hoy. A presidente Claudia Sheinbaum lançou o programa “México Abraça Você” para apoiar migrantes deportados, oferecendo assistência nos portos de entrada, benefícios sociais e cartões de transporte. Consulados nos EUA também reforçarão o suporte. A presidente reafirmou que o México não aceitará ser usado como terceiro país no programa “Permaneça no México”. Fed sob TrumpApós dois anos de progresso na inflação e crescimento econômico, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) enfrentará desafios em sua próxima reunião. Com a inflação próxima à meta de 2% e o desemprego em 4,1%, a economia parece resiliente, mas as novas políticas do governo Trump e o aumento dos rendimentos dos Treasuries trazem incertezas. O mercado de títulos reflete fragilidade, com taxas de longo prazo subindo, e a política comercial de Trump pode intensificar pressões inflacionárias. O Fed deve manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, enquanto o chair Jerome Powell define diretrizes para 2025. O cenário fiscal dos EUA também preocupa investidores globais. CriptoativosO presidente interino da SEC (CVM norte-americana), Mark T. Uyeda, anunciou a criação de uma força-tarefa para desenvolver uma estrutura regulatória clara para criptoativos. O grupo incluirá técnicos da SEC e representantes da sociedade civil, com o objetivo de criar normas para registro de ativos, divulgar informações de forma sensata e implementar recursos de execução criteriosos. Uyeda destacou que a regulação retroativa vinha criando um ambiente hostil à inovação, comprometendo o setor. A força-tarefa planeja discussões públicas e já aceita sugestões pelo e-mail crypto@sec.gov. EconomiaAgenda econômica 2025/2026O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou 25 objetivos econômicos para 2025 e 2026, com destaque para a reforma tributária da renda. A proposta inclui isenção do IRPF para quem ganha até R$ 5 mil e a tributação sobre milionários, visando, segundo ele, uma maior justiça fiscal. O projeto quer corrigir a distorção em que as camadas mais altas da população pagam proporcionalmente menos impostos do que as mais baixas. A medida, que começa em 2026, encontra resistência de setores financeiros e empresariais. Fortalecimento da economia e medidas para o empreendedorismo Haddad propôs medidas para fortalecer o arcabouço fiscal e permitir a expansão do PIB, com foco na redução da inflação e do desemprego. Ele também destacou a importância do empreendedorismo para a inclusão social, mencionando as novas formas de trabalho no Brasil, com muitas pessoas se tornando empreendedores em vez de buscarem empregos formais. Para apoiar esse movimento, o governo pretende facilitar o ambiente de negócios e priorizar a comunicação do governo com a população. Transformação ecológica e sustentabilidade A agenda do ministro inclui um plano de transformação ecológica, com ações voltadas para a sustentabilidade. Entre as medidas, estão a estruturação do Fundo Internacional de Florestas, a implementação de novos critérios no Plano Safra e a conclusão da taxonomia sustentável brasileira. Haddad também enfatizou a criação de uma política de atração de datacenters e o marco legal da inteligência artificial, além da promoção de leilões do Ecoinvest e novos projetos de infraestrutura ecológica, visando ao desenvolvimento sustentável no Brasil. Dívida dos EstadosA recém-sancionada lei de renegociação das dívidas dos Estados, chamada de Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), pode gerar um custo financeiro de até R$ 106 bilhões para o governo federal em cinco anos, segundo estudo do Tesouro Nacional. A lei prevê descontos nos juros e parcelamento das dívidas estaduais em até 30 anos, além de um fundo de equalização federativa. O impacto financeiro pode variar conforme a adesão dos Estados e a estratégia de amortização adotada. No cenário mais favorável para a União, com amortização extraordinária, a medida pode resultar em um ganho de R$ 5,5 bilhões. A proposta visa pacificar as relações federativas, apesar do custo financeiro. Concessões de energia elétricaA Aneel trabalha para aprovar até fevereiro o termo aditivo para a renovação das concessões de distribuição de energia elétrica, segundo o diretor-geral Sandoval Feitosa. A prioridade é concluir a consulta pública, com expectativa de assinatura do termo em 24 ou 25 de fevereiro. A EDP é a primeira das 20 empresas que renovarão suas concessões, incluindo a EDP Espírito Santo, com contrato que expira em julho. Feitosa destacou que a renovação contratual da EDP está prevista para abril ou maio de 2025. Além disso, os consumidores podem ter bandeira tarifária verde, com tarifas mais baixas, se as chuvas forem intensas. No entanto, a bandeira pode variar em períodos de maior estresse no sistema elétrico, especialmente durante secas. PolíticaDeclarações de TrumpO governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou as declarações de Donald Trump, que afirmou que os Estados Unidos não precisam do Brasil. Para os integrantes do governo brasileiro, a fala reflete a visão de Trump ao longo dos anos e será tratada com prudência. A embaixadora Maria Laura da Rocha, do Ministério das Relações Exteriores, destacou que o Brasil priorizará as convergências entre os dois países e não as divergências. A fala de Trump aconteceu logo após sua posse e gerou uma resposta cautelosa do governo brasileiro. Trump afirmou que os EUA não precisam do Brasil e que “o mundo todo precisa deles”. Lula, por sua vez, reiterou que o Brasil deseja uma gestão pacífica e harmônica com todos os países, sem desavenças. Embaixador da COP30O governo Lula anunciou ontem o embaixador André Corrêa do Lago como presidente da COP30, que será realizada em Belém em novembro deste ano. Ana Toni, secretária do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, também foi nomeada secretária-executiva da COP. Em entrevista, Corrêa do Lago afirmou que o governo brasileiro está acompanhando as decisões de Donald Trump, que anunciou a retirada dos EUA do Acordo de Paris. Ele ressaltou que essa medida terá impacto significativo na preparação da COP30, mas o Brasil continuará a trabalhar em soluções eficazes para as questões climáticas. Vídeo falsoO TikTok removeu ontem um vídeo falso que mostrava Haddad supostamente falando sobre “taxação de pobres”. O vídeo, que foi notificado extrajudicialmente pela Advocacia-Geral da União (AGU) na segunda-feira (20), havia sido manipulado com o uso de Inteligência Artificial (IA) para gerar desinformação, associando uma falsa proposta de Haddad ao presidente Lula. A AGU disse que a postagem, que já havia sido removida anteriormente, foi repostada pelo mesmo usuário, o que agravou a situação. A AGU solicitou, caso o conteúdo não fosse retirado novamente, que fosse marcado como “conteúdo alterado ou sintético” devido à manipulação. Pontes rebate BolsonaroO senador Marcos Pontes (PL-SP) respondeu às críticas de Jair Bolsonaro (PL) e reafirmou sua pré-candidatura à presidência do Senado. Sem citar diretamente o ex-presidente, Pontes postou um vídeo no X (antigo Twitter), afirmando que “a arrogância pode fechar portas” e destacando que pessoas arrogantes ignoram opiniões e sentimentos dos outros. A reação veio após Bolsonaro expressar publicamente que considerava lamentável a candidatura de Pontes, apoiando o nome de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para o cargo. Bolsonaro ainda criticou Pontes por sua postura, dizendo que o ex-ministro não teria chances reais de conquistar a presidência do Senado e estava priorizando seus próprios interesses. CorporativoO ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, reafirmou, nesta terça-feira (21), em Foz do Iguaçu (PR), que o governo não acredita que haverá aumento no preço das passagens aéreas se for confirmada a fusão entre as companhias Azul e Gol. A fusão está sendo analisada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Vale (VALE3)A Vale (VALE3) se posicionou sobre rumores de uma possível compra da Bamin, afirmando que todas as decisões de alocação de capital passam por um processo rigoroso de avaliação, conforme suas políticas de governança. A mineradora disse que analisa constantemente oportunidades de investimento, especialmente aquelas que se alinham com suas prioridades estratégicas. A notícia surgiu após a CNN Brasil relatar que o governo federal estaria incentivando a Vale a adquirir a Bamin, que inclui grandes projetos na Bahia, como uma jazida de minério de ferro, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul em Ilhéus. Segundo a reportagem, o BNDES está envolvido nas negociações e reuniões estão previstas com investidores em São Paulo. (Com Reuters) |
Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *