O maior Ebitda recorrente nos três negócios – Ultracargo, Ultragaz e Ipiranga – foi um dos principais motivos que fizeram o Grupo Ultrapar (UGPA3) reportar lucro líquido de R$ 1,1 bilhão no 4T23, bem superior aos R$ 615,5 milhões esperados pelo consenso LSEG. Outra surpresa positiva foi que a companhia encerrou o 4T23 com dívida líquida de 1,1 vez, contra 1,4 vez registrada em 30 de setembro de 2023, redução atribuída principalmente à maior geração operacional de caixa. “A companhia está numa situação de balanço que permite fazer movimentos adicionais”, disse Marcos Lutz, CEO da Ultrapar, durante apresentação dos resultados do 4T23 a analistas, nesta quinta (29). Ultrapar: dividendos“De fato, hoje a gente olha seriamente a possibilidade de alocação de capital em outras verticais e também olha que se não tiver alocação de capital, talvez tenha distribuições adicionais de dividendos”, afirmou. O executivo garantiu, no entanto, que uso de caixa será feito com muita disciplina. “A gente sabe o quanto é difícil gerar esse caixa no dia a dia. Não é porque estamos numa situação mais confortável de caixa, que vamos aloca por alocar. Temos que avaliar o ciclo do setor, a continuidade de fazer negócios de qualidade nesse momento. Mas se nada acontecer, de qualquer forma, a gente distribui dividendos adicionais”, acrescentou. Investimentos robustos em 2024A Ultrapar tem plano robusto de investimentos em expansão em 2024, conforme foi apresentado. Em 2023, eles alcançaram R$ 1 bilhão e em 2024 a previsão de R$ 1,5 bilhão. O CFO Rodrigo Pizzinatto explicou que na Ipiranga os investimentos serão direcionados principalmente para o embandeiramento de postos e ampliação da infraestrutura logística. Já na Ultragaz, se concentram em novos clientes no segmento granel, na revitalização e abertura de revendas, na otimziação das operações decorrentes no consórcio com a Supergasbras e na expansão de novas energias. Por fim, na Ultracargo, eles serão direcionados na ampliação de capacidade e na construção de um terminal em Tocantins. Otimismo cautelosoLenardo Linden, presidente da Ipiranga, disse na teleconferência que “tem olhar cuidadosamente otimista para o mercado” em 2024. O grupo tem destacado a normalização do ambiente comercial na distribuição de combustível, depois de um primeiro semestre de 2023 marcado pela entrada substancial de diesel russo a preços vantajosos e comercializados, principalmente pelos chamados postos não bandeirados. Ambiente comercial normalizadoRodrigo Pizzinato afirmou que para o 1T24, com a continuidade do ambiente comercial normalizado na distribuição de combustíveis, a Ipiranga espera ter rentabilidade superior à alcançada no 1T23. “O nível de competitividade vai ser sempre alto, isso a gente conhece e sabe que tem que trabalhar na sua eficiência, garantir a competividade”, disse Linden. Desafios“E também temos nossos desafios. A margem vai ter sempre impacto de arbitragem, impacto de tamanho do inventário no país. A gente precisa saber lidar com esses fatores. Nós temos ainda no Brasil um problema crônico de adulteração de combustível, de comércio irregular que precisar ser lidado”, complementou. O presidente da Ipiranga comentou ainda que as áreas de logística e distribuição têm “caminhos ainda a serem percorrido para que possam destravar valor”. Para o CEO Marcos Lutz, existe espaço para alcançar uma margem mais normalizada na Ipiranga. “A margem existente no setor não é uma que a gente acha correta, justa, que remuneraria o capital do investimento de expansão relevante”, disse.
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