![]() Com a temporada de balanços do segundo trimestre prestes a começar, os holofotes se voltam para os principais nomes da mineração e siderurgia listados na B3. Usiminas (USIM5), CSN (CSNA3), Gerdau (GGBR4) e Vale (VALE3) enfrentaram o segundo trimestre de 2025 (2T25) em contextos operacionais distintos — o que deve se refletir diretamente nos resultados. De um lado, o recuo nos preços do minério de ferro pressiona margens de gigantes como Vale e CSN Mineração. Do outro, empresas do aço lidam com demanda enfraquecida, concorrência externa e dificuldades em repassar custos. Mas entre quedas de margem, ajustes de custo e variações de volume, qual empresa deve sair na frente neste trimestre? A seguir, um panorama consolidado com as estimativas de analistas para os resultados de cada companhia. Usiminas (USIM5)A Usiminas divulgará seus resultados do segundo trimestre de 2025 no dia 25 de julho, antes da abertura do mercado. O Bradesco BBI avalia que os resultados devem vir mais fracos nas divisões de siderurgia e mineração. A expectativa é de um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 489 milhões no segundo trimestre de 2025 — abaixo dos R$ 733 milhões registrados no 1T25, mas acima dos R$ 295 milhões no 2T24 — e significativamente inferior à estimativa de consenso de R$ 680 milhões. Segundo os analistas, os volumes consolidados de aço devem recuar 1,0% em relação ao trimestre anterior, para 1,1 milhão de toneladas, enquanto a realização de preços também deve cair 1,5% no comparativo trimestral, devido a um mix menos favorável. Para os próximos trimestres, a tendência é de continuidade na queda dos preços realizados, refletindo o ajuste em curso nos preços domésticos do aço acabado. Quanto aos custos, o BBI projeta um aumento de 1% no CPV (custo produto vendido) por tonelada, mesmo com a queda no custo das matérias-primas e a valorização do real. Na divisão de mineração, a projeção é de um EBITDA de R$ 136 milhões, 34% abaixo do trimestre anterior, impactado por preços realizados 9% menores, ainda que parcialmente compensado por volumes 4% maiores. A Genial Investimentos também projeta um trimestre fraco para a Usiminas, graças à deterioração dos principais indicadores operacionais, refletindo um ambiente mais desafiador tanto na divisão de aço quanto na de mineração. A expectativa é de que a receita líquida consolidada fique em R$ 6,5 bilhões, o que representa queda de 5,6% em relação ao trimestre anterior e alta de 2,0% na comparação anual. O recuo no faturamento e o aumento dos custos da divisão de aço, associados à forte queda nos preços da mineração, são os principais fatores por trás desse desempenho. Um ponto que chamou a atenção da Genial foi o fato de que, mesmo com um cenário supostamente favorável à queda do custo por tonelada (COGS/t) no trimestre, a Usiminas não deve apresentar redução. A corretora estima um COGS/t de R$ 5.196, alta de 2,3% em relação ao primeiro trimestre e queda de 3,2% frente ao segundo trimestre de 2024. O aumento seria pressionado por fatores como fretes mais altos, maiores despesas com manutenção e maior utilização de placas de terceiros. Segundo estimativa da Genial, o EBITDA ajustado consolidado deve atingir R$ 446 milhões, o que representa uma forte retração de 39,2% em relação ao trimestre anterior e de 80,2% na comparação anual, refletindo a perda de rentabilidade nas duas divisões da companhia. O lucro líquido estimado é de R$ 103 milhões, uma queda de 69,5% em relação ao trimestre anterior, mas revertendo o prejuízo registrado no mesmo período do ano passado. A margem líquida também deve encolher, pressionada pela piora no desempenho operacional. A Genial manteve recomendação neutra e cortou o preço-alvo de R$ 6 para R$ 4,75. Gerdau (GGBR4)A Genial Investimenos acredita que o 2T25 reforçará o contraste entre as operações da Gerdau na América do Norte e no Brasil. O cenário mais favorável nos EUA deve elevar a contribuição da região para 69% do EBITDA consolidado ante 50% no 1T25, enquanto o Brasil deve recuar de 44% para 27%. No Brasil, a pressão vem de preços mais fracos para vergalhão e custos ainda elevados após o início da linha BQ2 em Ouro Branco (MG). Enquanto a margem no Brasil deve cair 4,8 p.p., para 9,2%, a da América do Norte deve subir 5,8 p.p., atingindo 19,4%, sustentando o crescimento do consolidado. A Genial Investimentos projeta que, apesar de um avanço sequencial do EBITDA da Gerdau no segundo trimestre de 2025, ainda deverá haver uma queima de caixa livre (FCF) de aproximadamente R$ 740 milhões, melhor do que a observada no primeiro trimestre. O time da Genial ressalta que a disciplina financeira será ainda mais relevante na segunda metade do ano, com menor margem para desvios no cronograma de execução. Com a expectativa de suavização do efeito caixa do CAPEX, liberação de capital de giro e melhora sequencial do EBITDA, a Genial acredita que a companhia deve voltar a gerar caixa livre apenas a partir do terceiro trimestre de 2025. A Genial ainda vê exagero na queda de 8% das ações no ano e acredita em melhora no 2º semestre, com reajustes de preços nos EUA e redução de custos no Brasil. Com isso, a corretora reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 19, representando um potencial de valorização de 14,9%. Seguindo a opinião da Genial, o Bradesco BBI projeta que a Gerdau apresentará um desempenho positivo na América do Norte, o que deve compensar, ao menos parcialmente, os resultados mais fracos no Brasil. A estimativa da casa é de um EBITDA de R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre de 2025, o que representaria um avanço de 4% em relação ao trimestre anterior, mas ainda uma queda de 9% na comparação anual. No Brasil, o BBI prevê uma deterioração de 3,6 pontos percentuais nas margens, que devem recuar para 10,5%, o menor nível recente. Em contrapartida, a operação da América do Norte tende a ser o principal destaque positivo do trimestre, com margens projetadas em 17,3% — alta de 3,6 p.p. frente ao trimestre anterior. Para a divisão América Latina (LatAm), o cenário deve seguir desafiador, especialmente diante das dificuldades enfrentadas na Argentina. O BBI lembra que a Gerdau deve divulgar seus resultados no dia 31 de julho. Segundo projeções do BBI, o lucro líquido da Gerdau deve crescer 3,8% na comparação anual, para R$ 900 milhões. Para BBA, os números da Gerdau devem ser ajudados pela melhora no desempenho na América do Norte, enquanto o BTG disse que sua preferência relativa por Gerdau em relação a Usiminas e CSN permanece inalterada, com expectativa de desempenho superior da empresa devido à sua presença nos EUA. CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3)Com resultados previstos para o próximo dia 31 de julho, o BBI projeta que os resultados da CSN (CSNA3) e da CSN Mineração (CMIN3) devem ser impactados principalmente pela menor realização dos preços do minério de ferro. A estimativa é de um EBITDA consolidado de R$ 2,4 bilhões para a CSN, representando queda de 4% em relação ao trimestre anterior e de 8% na comparação anual. No segmento de mineração, o banco espera que o EBITDA da CSN Mineração recue 20% frente ao trimestre anterior, para R$ 1,15 bilhão, reflexo de uma queda de 17% nos preços realizados do minério de ferro. Esse efeito deve ser parcialmente compensado por um aumento de 12% nos embarques e por custos estáveis, com o custo C1 estimado em torno de US$ 21 por tonelada. Leia mais:
Já a divisão siderúrgica da CSN deve apresentar crescimento de 15% no EBITDA em relação ao trimestre anterior, alcançando R$ 558 milhões. Esse desempenho seria sustentado por uma realização de preços estável, volumes ligeiramente menores (queda de 2%) e uma melhora nos custos, com redução de 5% em relação ao trimestre anterior. No setor de cimento, o BBI projeta um EBITDA de R$ 283 milhões, alta de 18% frente ao trimestre anterior, impulsionada por embarques sazonalmente mais fortes. Ainda assim, o banco destaca que os maiores desembolsos de investimentos devem continuar pressionando o fluxo de caixa das empresas até o fim de 2025. Na última linha, o BBI prevê prejuízo líquido de R$ 709 milhões no 2T25, um aumento de 34% em relação ao prejuízo de R$ 529 milhões de um ano antes. Vale (VALE3)O BBI projeta que os resultados da Vale (VALE3) no segundo trimestre devem ser impactados por preços menores de minério de ferro. A estimativa é de um EBITDA ajustado de US$ 3,2 bilhões, queda de 1% em relação ao trimestre anterior e de 20% na comparação anual. A produção de minério de ferro deve atingir 82 milhões de toneladas, o que representaria um crescimento de 2% frente ao mesmo período do ano passado e de 22% em relação ao primeiro trimestre, impulsionada pelos volumes adicionais de Capanema e Vargem Grande. Ainda assim, o BBI estima que as vendas de minério de ferro e pelotas recuem 3% na base anual (mas subam 17% na trimestral), totalizando 77 milhões de toneladas, refletindo a estratégia da companhia de concentrar mais volumes na China. Quanto aos preços realizados do minério de ferro, a projeção é de queda de 14% na comparação anual e de 6% frente ao trimestre anterior, para US$ 85 por tonelada, seguindo a tendência dos índices de referência. Já os preços das pelotas também devem cair, diante da redução contínua dos prêmios. Do lado dos custos, o BBI espera um desempenho sólido, com o custo C1 (excluindo compras de terceiros) caindo 9% em relação ao mesmo período do ano passado, mas subindo 8% em relação ao trimestre anterior, para US$ 22,6 por tonelada. Na divisão de Metais Básicos, o BBI prevê um EBITDA de US$ 515 milhões, ante US$ 554 milhões no 1T25, com a queda sendo atribuída principalmente ao aumento nos custos, ainda que parcialmente compensado por maior produção e preços realizados. A Vale deve divulgar seus resultados no dia 31 de julho. O Itaú BBA, por sua vez, projeta que os impactos negativos dos mecanismos de precificação e preços de referência mais baixos do minério de ferro provavelmente pesarão sobre os resultados da Vale, apesar de serem compensados por maiores volumes. Já o BTG continua vendo uma fraca geração de lucro e caixa, o que limita a |
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