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Judiciário

Vale já perdeu R$ 48,3 bilhões em valor de mercado neste ano com sucessão tumultuada

- 09/03/2024 20 Visualizações 20 Pessoas viram 0 Comentários
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A Vale (VALE3) já perdeu R$ 48,3 bilhões em valor de mercado desde o início deste ano. A mineradora enfrenta um processo turbulento de troca de presidência, que contou com uma tentativa do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de emplacar o ex-ministro Guido Mantega (PT) no comando da companhia.

Na sexta-feira (8), o Conselho de Administração da companhia decidiu renovar o contrato de seu CEO, Eduardo Bartolomeo, por mais seis meses (até 31 de dezembro, pois seu mandato se encerraria em 31 de maio). Agora, a Vale vai contratar uma empresa de recursos humanos para elaborar uma lista tríplice, com indicações de sucessores.

Mas há um temor de que a mudança seja um jogo de “cartas marcadas”, segundo fonte próxima aos conselheiros da mineradora.

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Em meio ao processo turbulento, o valor de mercado da Vale caiu de R$ 332,1 bilhões no fim do ano passado para R$ 283,8 bilhões ontem. Os cálculos são de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.

A tentativa de troca de comando na Vale foi mais uma das polêmicas do atual governo, que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda dos governo Lula e Dilma Rousseff (PT), Guido Mantega, na presidência da empresa e no Conselho de Administração. A interferência direta provocou uma divisão entre os acionistas da companhia.

A saída de Bartolomeo do cargo era defendida pela Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), por meio do qual o governo exerce a sua influência na empresa.

O CEO não poderá fazer parte da lista. Nas últimas semanas, vários nomes apareceram como cotados para ocupar a presidência da Vale, como Walter Schalka, presidente da Suzano (SUZB3); Paulo Caffarelli, ex-presidente do BB e da Cielo (CIEL3); e Murilo Ferreira, ex-presidente da própria Vale. Segundo relatos, os conselheiros não chegaram a deliberar nomes de sucessores na reunião de sexta.

Ofensiva do governo

A decisão atende ao pleito do governo Lula de remover Bartolomeu do cargo, mas adia a decisão sobre quem deverá substituí-lo. O presidente da República tem feito reiteradas críticas à mineradora nos últimos meses. No dia em que a tragédia em Brumadinho completou 5 anos, em 25 de janeiro, afirmou que a Vale “nada fez para reparar a destruição causada” pelo rompimento de barragem que deixou 270 mortos.

Na semana passada, criticou duramente a administração da empresa e cobrou mais responsabilidade da mineradora, tanto no pagamento de ações indenizatórias quanto na produção, dizendo que as empresas precisam se alinhar ao modelo de desenvolvimento do governo.

A tentativa de interferência provocou uma divisão do conselho. A reunião extraordinária em que foi sacramentada a troca de comando começou no início da tarde e se estendeu até o fim da noite. Ela não foi unânime, com 11 votos a favor da troca do CEO e dois pela permanência de Bartolomeo.

Rebaixamento das recomendações

A tumultuada sucessão na Vale levou o BTG Pactual a rebaixar a recomendação de compra das ações da empresa para “neutra”. Os papéis já caíram 14,49% neste ano, e um relatório de terça-feira (5) do time de analistas do banco destaca que o rebaixamento se justifica, pois a mineradora vem enfrentando um intenso ruído nas últimas semanas, que se intensificou em meio às discussões sobre o próximo CEO da empresa, além das notícias em torno da Samarco/Renova.

Outro ponto mencionado foi a série de interrupções operacionais no estado do Pará (Sossego e Onça Puma) — já revertidas, mas que indicam a animosidade das autoridades locais em relação à empresa.

A Secretaria do Meio Ambiente do estado havia suspendido as licenças das duas minas na semana passada. Na ocasião, a companhia reiterou seu compromisso de manter diálogo com as autoridades competentes.

“A Vale tem sido submetida a um alto grau de ruído e pressão política ultimamente, o que acreditamos ser injusto e claramente excessivo”, avaliam os analistas. “Há uma clara divisão entre os membros do conselho sobre a direção futura da empresa, o que acreditamos ser preocupante para uma empresa com tantos desafios pela frente.”

Mudança de lado

Representantes de acionistas estrangeiros, como a japonesa Mitsui e fundos de investimentos, como BlackRock e Capital, que antes haviam votado pela permanência do de Bartolomeo, ontem votaram pela sua substituição, com a extensão do seu mandato até o fim do ano.

Dos 13 conselheiros da mineradora, apenas os independentes Paulo Hartung (ex-governador do Espírito Santos) e José Luciano Penido (ex-presidente da Samarco) se mantiveram contrários à saída do CEO, por serem mais refratários à influência do governo na companhia.

(Com Estadão Conteúdo)




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