Psicólogo especializado em superdotação e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), Jean Alessandro diz que sempre foi uma pessoa que teve uma “complexidade mental alta sem conseguir entender”.

A faculdade, de abordagem psicanalítica, foi insuficiente para compreender o que sentia. Sofreu com síndrome do pânico e depressão. O aprofundamento veio fora da universidade, quando mergulhou nos estudos sobre neurociência, TDAH e superdotação.

A virada aconteceu durante um atendimento clínico. Enquanto explicava o TDAH a um paciente, sua esposa ouviu e comentou. “Isso que você explicou pro seu paciente é você”, disse ela.

Em busca de um diagnóstico, procurou um especialista que, após avaliação, cravou: “Você tem um cognitivo acima da média e isso é altas habilidades” comentou o especialista. Jean resistiu à ideia: “Eu tinha muita dificuldade com algumas coisas”. A sobreposição entre transtornos e superdotação tornava tudo ainda mais complexo.

Com o tempo, sua comunicação nas redes sociais passou a atrair pessoas que, como ele, buscavam compreender seu funcionamento mental. “Minha conversa funcionava melhor com eles e eles funcionavam melhor comigo”, contou, ao perceber que o atendimento a esse público era mais fluido e eficiente.

Jean diferencia com clareza os conceitos: “Altas habilidades descrevem mais o efeito do treino. Superdotação é a facilidade com que você aprende, linca conhecimentos, questiona”.

Entre os traços recorrentes em superdotados, ele destaca perfeccionismo, autocrítica e sensibilidade moral. “Os superdotados são críticos com a sociedade e com eles mesmos moralmente”, afirmou.

Ele próprio convive com a chamada “dupla excepcionalidade”, superdotação com TDAH. “Minha cabeça é hiperativa, mas meu corpo não. Se eu deixo de tomar o remédio, não consigo nem chamar um Uber”, relatou.

Jean participou do episódio 14 da 3ª temporada do programa Mapa Mental, no canal GainCast, para falar sobre o tema.

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“Meu Instagram saiu de 6.000 para 75.000 seguidores em 40 e poucos dias”, contou Jean, ao relembrar o crescimento de sua audiência ao abordar, com linguagem acessível, temas complexos ligados à saúde mental e à alta inteligência.

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Na infância, muitos superdotados têm sua inteligência invisibilizada, já que o sistema educacional nem sempre reconhece esses perfis. Isso pode gerar traumas e distorções de autoimagem. “Quase todo adulto que chega à terapia com superdotação tem questões profundas com a autoimagem”, afirmou.

Para Jean, a verdadeira sabedoria está na capacidade de aplicar o que se sabe. “As pessoas que mais me impressionaram não tinham o QI mais alto, mas tinham mais congruência. Elas se sentiam obrigadas a aplicar o que sabiam”, explicou.

Segundo Jean, a inteligência, quando acompanhada de autoconhecimento e cuidado com o cérebro, pode se tornar uma poderosa aliada da performance. “O risco está justamente em você não conseguir entender as questões emocionais que você tem que não são tratadas”, disse.

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