A alta das taxas de juros e a volatilidade econômica têm gerado um cenário desafiador para diversos setores da economia brasileira, especialmente para o mercado imobiliário e o agropecuário. No episódio 156 no programa Outliers InfoMoney, especialistas do mercado de crédito e investimentos discutiram como esses fatores estão moldando as perspectivas desses setores, trazendo tanto desafios quanto oportunidades.
O episódio contou com a participação de Luiz Parreiras, um dos principais nomes do Fundo Verde, e Gustavo Campos, responsável pela Verde Agro & Imobiliário. A conversa se concentrou principalmente no lançamento do Verde IP FIDC, o primeiro produto de crédito da gestora, que promete se destacar como uma alternativa robusta para investidores no cenário atual.
Mercado imobiliário
O aumento das taxas de juros tem pressionado o custo de capital das empresas e afetado a liquidez no mercado imobiliário. Para os especialistas, embora o momento seja delicado, ele também apresenta oportunidades, principalmente para investidores com caixa disponível.
Leia também
Gestor da Verde detalha ‘janela de oportunidades’ que enxerga nos próximos dois anos
Cenário atual favorece a estratégia de buscar ativos com maior prazo e segurança; fundos imobiliários e agronegócio podem se destacar
Dentro do setor imobiliário, especialmente no segmento de real estate, o cenário de volatilidade exige uma análise cautelosa. Contudo, oportunidades podem ser encontradas em produtos de “término de obra”, onde o produto final já está em andamento e a incorporadora, por mais que enfrente dificuldades financeiras, pode oferecer bons projetos. Isso se deve à reavaliação dos preços, em grande parte impactados pela inflação, que tem afetado vários projetos, principalmente os que não conseguiram se ajustar aos custos elevados de materiais e mão de obra. O mercado corporativo, com prazos de entrega de até 9 anos, apresenta ainda mais desafios, pois a previsão de rentabilidade se torna incerta.
O segmento de “término de obra”, especialmente no mercado residencial, tem se mostrado promissor. Os especialistas destacam que, apesar das dificuldades econômicas, alguns projetos têm potencial de rentabilidade, especialmente se o produto final for de boa qualidade. Em um cenário de crise, se o produto for bom, mesmo que a incorporadora enfrente dificuldades financeiras, o projeto pode ser vantajoso, avaliam os gestores.
Agropecuária
No setor agropecuário, a falta de chuvas e as queimadas impactaram significativamente algumas regiões. No entanto, o agro segue sendo uma das áreas mais robustas da economia brasileira. O mercado de proteína animal, especialmente carne bovina, suína e de frango, continua a se expandir, com a abertura de novos mercados, como o Japão, um destino importante para a carne suína brasileira.
Embora o setor tenha enfrentado desafios, como quedas nos preços no passado, a percepção é de que o agro permanece forte, especialmente devido às garantias sólidas que oferece, como recebíveis em dólar e a valorização da terra, que tem sido uma constante ao longo dos anos. Para aqueles bem posicionados, as perspectivas são positivas, mas os produtores alavancados e com dificuldades de fluxo de caixa podem enfrentar um cenário mais difícil.
Desafios e perspectivas
O agropecuário brasileiro continua a ser um pilar essencial para a economia, com destaque para as commodities agrícolas, como soja, milho, café e cacau. No entanto, o setor ainda enfrenta incertezas globais, como a guerra na Ucrânia, que pode afetar a dinâmica dos preços e as projeções de curto prazo. Apesar disso, as commodities agrícolas têm mostrado sinais positivos, como o aumento nos preços do café e do cacau, o que traz um alívio para os produtores.
A valorização da terra no Brasil segue sendo uma das garantias mais fortes do setor. “A terra no Brasil é um ativo que só tende a se valorizar. Mesmo que não ande, ela está ali, e isso é uma garantia incrível”, concluíram os especialistas.