![]() Com o S&P 500 beirando máximas históricas e o entusiasmo dos investidores embalado pela inteligência artificial, o gestor Andrew Reider, fundador da WHG Asset, faz um alerta: “A festa não deve ser confundida com uma bolha — mas o cenário exige mais critério do que nunca”. Em participação no programa Stock Pickers, Reider afirmou que, embora o valuation médio da bolsa americana esteja em linha com os últimos anos, o ambiente atual impõe riscos mais complexos e oportunidades mais pontuais. “O S&P está em fair value. Não é barganha, mas também não está caro. O que muda é o que está por trás da média: tem muita coisa cara e muita coisa barata, e é aí que entra o stock picking”, afirmou.
Reider e Daniel Leichsenring — ex-Verde e recém-chegado à WHG como CIO da área de Wealth — discutiram como a volta de Donald Trump à Casa Branca pode significar um novo regime de mercado, com impactos fiscais e tarifários ainda imprevisíveis. “Se o Trump realmente entregar o que está falando, pode ser um desastre completo”, disse Reider, ressaltando que o mercado ainda não precificou adequadamente os riscos embutidos nas propostas econômicas do presidente. IA ainda longe de ser bolhaUm dos focos da WHG tem sido monitorar o impacto da inteligência artificial sobre os lucros das empresas, especialmente no setor de tecnologia. “A Nvidia subiu muito, mas menos do que a revisão de lucros. O múltiplo dela caiu, e isso faz sentido”, comentou. Para Reider, ainda que o entusiasmo com IA traga à mente a bolha das pontocom, os fundamentos agora são sólidos: “Na bolha dos anos 1990, tudo era dissociado de fundamento. Hoje, os lucros estão sendo revistos para cima, por isso as ações sobem.” Segundo ele, diferentemente de ativos que parecem baratos mas têm fundamentos deteriorando, as líderes de IA parecem caras, mas entregam crescimento real. “Normalmente, o que parece caro, é caro por uma razão; o que parece barato, também. É isso que separa o bom stock picker do resto”, comentou. Composição importaReider também criticou análises rasas baseadas apenas em múltiplos de índice. “O Equal Weighted S&P está em 17 vezes lucro, que é exatamente a média dos últimos cinco anos. Só que a composição mudou completamente: hoje temos empresas com retorno sobre capital investido muito maior, governança melhor, modelo asset light. Não dá pra comparar com 30 anos atrás”, avaliou. No Brasil, a leitura do gestor é parecida: “O Ibovespa parece barato, mas a composição atual tem muito mais estatal, commodity e banco. As empresas que eram consideradas asset light perderam peso. Então, não é porque está barato que está atrativo.” Apesar de uma reentrada tática nos EUA no curto prazo, Reider afirmou que a gestora tem olhado para geografias alternativas — como Europa, China e emergentes — em busca de prêmios de risco mais evidentes. “Já vínhamos diversificando desde o ano passado. Agora, talvez volte a fazer sentido olhar com mais carinho para os Estados Unidos, mas o stock picking vai ser ainda mais importante”, destacou. |
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